sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Qual é o melhor método de treinamento para o triathlon?



Alguém sabe a resposta para pergunta feita no título desta postagem? Você já parou para pensar nisso? Bom, eu não sei a resposta de qual é o melhor método de treino para o triathlon, mas eu estou muito perto de saber qual é o meu melhor método de treinamento. Como é que eu sei disso? Antes vou citar o que me motivou a escrever esta postagem.
Eu estava lendo o blog do meu camarada de Pelotas, o Kiko, e vi que em um dos comentários que foi feito estava escrito sobre ser um problema treinar muito no rolo e sozinho. Quem foi que disse que é um "problema" pedalar muito no rolo ou pedalar sozinho??? Respeito a opinião da pessoa que escreveu, mas eu e muitos outros atletas (profissionais e campeões de Ironman), discordamos desta opinião. Não estou aqui dizendo: "Tu estás errado, e eu estou certo!". Longe disso! Estou aqui dizendo que não vejo usar tipos ou modos de treino "não-convencionais" como um "problema".
Eu posso citar a minha experiência em ter treinado de 2 a 3 vezes por semana no rolo, durante o treinamento para o Ironman do Oeste da Austrália, e sendo o meu maior fundo de ciclismo 150km (no rolo) e sozinho!!! Isto mesmo, eu fiquei 4 horas e 26 minutos pedalando sozinho no rolo! E para que me serviu?? Qual foi o meu resultado?? Eu estabeleci um novo patamar de dureza mental e física, e assim fiz o melhor 180km de ciclismo em um Ironman: 5 horas, 15 minutos e 32 segundos!
Existem muitos triatletas profissionais fazendo uso do rolo regularmente. O norte-americano campeão de Ironman, Andy Potts, faz a maioria dos treinos de bike no rolo.
E qual a diferença? Treinar no rolo é tempo-eficiente, não corre o risco de ser atropelado, e com certeza se pedala muito mais do que na rua (sendo descidas, sem sinaleiras, etc.). É claro que não temos a sensação de realmente estarmos pedalando, mas de acordo com um artigo que li na Triathlete Magazine (melhor revista norte-americana especializada em triathlon), existem mais prós do que contras nos treinos no rolo.
Voltando ao assunto da postagem.
Para quem é educador físico ou treinador sabe (ou deveria saber) que um dos princípios básicos (o que para mim é magno!) é o da Individualidade Biológica. Basicamente este princípio nos lembra que todos nós, apesar de semelhantes, SOMOS DIFERENTES!!!! O treino que funciona para ti pode não funcionar para mim, e vice-versa! Então esta história de sair em pelotão para treinar ciclismo funciona muito bem para o lado social, e não para individualizar o treino buscando uma melhoria específica na performance. Ou você tem um ou dois amigos de performance muito semelhante para treinar junto, ou você estará acima ou abaixo da exigência do seu treino. Eu treinava (ou melhor ia junto) com um grupo nos treinos de fundo em POA, e após 3-4 anos tentando se "sociável" (tentando acompanhar um grupo, mesmo sabendo que o treino era completamente inadequado para mim), eu decidi que deveria fazer o treino no meu ritmo. A partir deste ano eu quebrei a barreira das 6 horas no Ironman Brasil por dois anos consecutivos, sendo as minhas melhores performances até este ano.
A mensagem que eu quero passar (o que é somente a minha opinião) é:
Eu levei uns 7-8 anos para chegar muito perto do que eu considero ideal para a minha melhor performance, e eu só consegui isto porque eu aumentei meu auto-conhecimento.
Eu sempre levei em consideração o que os mais experientes no esporte me passaram e ainda passam, contudo ninguém conhece o meu corpo e as minhas necessidades melhor do que eu!
Finalmente, eu gostaria de acrescentar que cada um encontra o seu melhor treino com o tempo, e que eu não acredito que exista o melhor método de treinamento para o triathlon, e sim o que funciona com gente!
Grande abraço!!!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Planejando 2011

O meu planejamento para 2011 está pronto!

Abaixo as competições que participarei no próximo ano:
* Queensland State Sprint Championships - 20/02/2011 - Redcliffe/QLD
* Mooloolaba TRI - 27/03/2011 - Mooloolaba/QLD
* Queensland State Olympic Championships - 10/04/2011 - Redcliffe/QLD
* Challenge Cairns - 05/06/2011 - Cairns/QLD (prova alvo para o primeiro semestre)
* Gold Coast Half Ironman - Outubro/2011 - Calypso Bay/QLD
* Ironman WA - 04/12/2011 - Busselton/WA (prova alvo para o segundo semestre)

Estamos planejando ir para o Ironman Nova Zelândia em 2012!

A partir de fevereiro eu estarei iniciando o meu planejamento com um nova assessoria de treinamento: o Team TBB. Para quem nunca ouviu falar este time, este foi o primeira equipe na carreira da triatleta inglesa Chrissie Wellington e já foi a equipe do brasileiro Reinaldo Collucci. A minha nova técnica será a triatleta australiana e campeã de Ironman, Rebekah Keat. Será uma assessoria de treinamento online, contudo, pela proximidade com a técnica (ela mora em uma cidade próxima), o contato será muito melhor.

Grande abraço!!!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

IRONMAN WESTERN AUSTRALIA 2010

Nossa jornada para a participação em mais um Ironman começou com vôo de 5 horas de Brisbane para Perth, a capital do Oeste da Austrália. Desta vez preferimos ter nossas atividades organizadas por uma empresa que faz turismo esportivo na Australia e no mundo, a Tri Travel. Chegamos em Perth com um calor de 37 graus, e nos hospedamos por uma noite em um hotel bem simples perto do aeroporto. No dia seguinte embarcamos para seguir por aproximadamente 300km para o sul, onde está localizada a cidade de Busselton na famosa região de “Geographe Bay”. O pacote que compramos com a Tri Travel era composto por 7 dias de hospedagem, transporte a partir de Perth, reconhecimento dos percursos de natação, ciclismo e corrida, orientação técnica de um triatleta professional sobre os trajetos (o atleta foi o aussie Luke Bell), e além disso tivemos entrada e mesa VIP durante o jantar de abertura e encerramento.

Agora a prova. Nos dias que antecederam a prova o tempo virou de muito quente para frio, e de ensolarado para chuvoso. Como a largada estava prevista para às 5.45 e o ônibus nos pegaria às 4.00, tivemos que acordar às 2.30... Eu até que eu dormi bem, acho que umas 6 horas.

A largada dos profissionais foi dada 15 minutos antes da nossa, e o dia até que não estava dos piores, com céu aberto e claro. A água estava 21 graus, e a natação tinha tudo para ser tranqüila, pois o mar estava completamente parado, uma piscina. A outra vantagem foi o fato da natação ter sido feita contornando um longo píer chamado de “Jetty”. Era só ida e volta e o meu objetivo de 1h10min até que era aceitável! A visibilidade da água estava impressionante, pois conseguia ver o fundo do mar por todo trajeto. O problema foram os “stingers” (tipo de mãe-dágua) que chegaram mais cedo neste ano, estavam por toda parte e me queimei no pescoço e o mais inacreditável: consegui queimar o lado interno da boca!!! Não sei se eu comi aqueles bichos ou não, mas eu sei que na primeira parte do trajeto eu estava tendo uma tipo uma reação alérgica e comecei a sentir a minha garganta como se estivesse inflamada e fechando... Bom, passei por alguns momentos muito preocupado, contudo me acalmei e tentei evitar o contato com aqueles bichos. Eu fiz a parte da natação em 1h07min01seg, e utilizei os seguintes equipamentos: roupa de borracha STR PRO Speedo, óculos Hammer-head (tipo sueco), top Triple Play da minha equipe de ciclismo a Activ Cycle Coaching, bermuda Orca 226.

Fiz uma transição relativamente rápida (por volta de 3min), e saí para o pedal.

Meu pedal foi excelente! Como o trajeto era composto por 3 voltas de 60km, e o meu objetivo era fazer cada volta para 1h50min e fechar para 5h30min. Apesar de ter o meu plano com relação ao tempo de cada volta, eu tinha outras variáveis mais importantes para seguir: potência e cadência. Como eu estou usando um medidor de potência eu planejei, de acordo com o meu treino, a potência estimada para eu seguir foi de 200 watts e uma cadência de mais ou menos 90rpm. O mais interessante de tudo foi que até comprar este equipamento eu seguia tinha velocidade como referência, e nesta prova a minha referência foi quase exclusiva à potência que eu estava gerando no pedal. Controlei o tempo todo e percebi que no decorrer da prova, mesmo fazendo as voltas no mesmo tempo, 1h45min, eu aumentei a potência média de 170 até 200 watts, e finalizei com a média de exatamente 200 watts e 80 rpm. Eu estava com uma sensação muito estranha, pois eu achava que estava indo muito bem e ficava só esperando o momento de quebrar, o que não aconteceu... Segui meu plano de nutrição e hidratação e acho que isto me ajudou muito. Nesta prova foi introduzida a nova regra de 12 metros de distância no ciclismo e os fiscais foram muito rígidos com o cumprimento dela. Não tive nenhum problema com a regra, mas foi um pouco estressante ser ultrapassado por alguns e que logo adiante paravam de pedalar ou diminuíam o ritmo para comer. O que tornou a prova na maioria do tempo e um treino longo intervalado! O que mais me surpreendeu foi que eu consegui encontrar a minha melhor posição aerodinâmica na bike e melhor, eu estava muito confortável naquela posição. Fiz o pedal em 5h15min32seg e utilizei os seguintes equipamentos: bike Planet-X Stealth, rodas Reynolds DV66, sapatilha Sidi T1, medidor de potência Quarq Cinqo, computador Garmin 500 Edge, capacete Limar Crono e óculos Oakley.

Transição dois eu demorei um pouco mais do que na primeira, pois tive que pagar um pedágio no banheiro...não consegui fazer xixi na bike... Quando eu pulei da bike eu pensei que teria aquela dor na lombar que eu tive quando fiz um pedal semelhante no Ironman de 2007, onde eu fiquei 90% no clip, mas apesar de descer da bike com alguma dificuldade, por volta do km 5, comecei a me sentir muito confortável. A corrida foi feita em 4 voltas de 10.5km e apesar de inicialmente não gostar da idéia, acabei achando ótimo, pois em cada volta passamos pela chegada que era no meio da avenida principal de Busselton. Foi excelente ter muita gente por perto na maioria do tempo, e eles nos ajudaram muito torcendo e incentivando o tempo todo!

Com relação a minha performance na corrida, eu não poderia esperar mais do que eu fiz após tantas lesões que eu tive neste primeiro semestre. Isto não é desculpa para dizer porque não fiz uma corrida melhor, mas eu tive uma lesão no joelho direito a dois meses da prova e tive que parar por um mês, e com isso não consegui fazer nenhum treino longo após o meio ironman de Gold Coast em outubro, por isso eu não tinha uma base muito sólida para uma corrida tão longa. A corrida foi em um terreno plano e na maioria em um caminho asfaltado na beira da praia. Não estava quente nas duas primeiras voltas, mas o sol abriu na terceira e começou a ficar muito difícil. Mas apesar disso eu consegui atingir o meu objetivo para esta maratona: não caminhar! Foi uma batalha, foi difícil e me exigiu mais do que eu imaginava que conseguiria, contudo cumpri minha missão de não caminhar (mesmo quando estava me hidratando e comendo). Fechei a maratona para 4h13min13seg e utilizei os seguintes equipamentos: viseira Saucony, tênis Saucony type A, mesmo top, bermuda e óculos que citei antes e mais uma vez não usei relógio.

Tempo total de prova: 10h42min37seg (recorde pessoal)

Pontos positivos: TODOS!!! Clima perfeito, equipamento ideal, alimentação suficiente, prova muito consistente!

Pontos negativos: Não tinha como eu fazer diferente com o histórico de lesões eu tive que superar para estar nesta prova, então eu não consigo definir nada que eu pudesse fazer diferente.

Muito feliz com o nosso resultado (não conseguimos nada sozinhos!) e com os novos amigos que fizemos na prova. Eu consegui tirar algumas conclusões a respeito dos meus treinos, mas a principal delas foi que o meu corpo funciona melhor com um treino de volume abaixo do padrão. Treino menos, mas treino no ponto em que eu consigo melhorar a minha performance. Outro fator importante, principalmente no ciclismo, foi o fato de treinar muito no Computrainer, sozinho, em grupo, após o treino longo, etc...

Bom caros amigos, estou me recuperando muito bem e rapidamente, e após esta breve parada vou retomar os treinos pois o planejamento de provas para o primeiro semestre de 2011 está pronto, e a minha prova alvo será o Challenge Triathlon em Cairns (mesmas distâncias do ironman).

Grande abraço!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

sábado, 16 de outubro de 2010

Muito ocupado mesmo!!!

Na última semana concluí o meu primeiro mês trabalhando aqui na Australia e posso dizer que as coisas estão melhorando consideravelmente. Como a academia foi aberta a poucos meses, o número de alunos está aumentando bastante nas últimas semanas. Assim, com mais alunos, as oportunidades de "vender" o serviço de personal trainer só aumentam.
Não lembro de ter comentado isto em outra postagem, mas por aqui normalmente não existem professores nas academias, e quase todos tem personal trainer.
Bom, após um mês, recebi o meu salário por trabalhar quatro horas por dia de segunda a sexta-feira e um sábado a cada 15 dias. Apesar de ser um valor baixo por hora e ainda eu ter que pagar "aluguel" para ter a oportunidade de treinar os meus alunos lá, o resultado final foi bem interessante. Não existe comparação com o que eu recebia antes para trabalhar 8 horas por dia e fazer diversas atividades não relacionadas à minha área...
Nas minhas horas na academia tenho algumas mínimas tarefas administrativas (fluxo de caixa, fazer inscrições, registrar os clientes no sistema, limpar a academia...sim para termos mais alunos e mais chance destes alunos se tornarem clientes do serviço de personal trainer, isto tem que ser feito, sim!). Não me importo nem um pouco...
Nas últimas duas semanas, como aumentou o volume de alunos, consegui dar duas aulas de personal e agendar mais 8 para semana que vem! São dez alunos em apenas duas semanas! Como comecei a ficar bem ocupado e tenho outras atividades que precisam ser realizadas, organizei tipo uma agenda e agora tenho um bom controle de quando estou disponível para dar aulas. Mais uma coisa, as minhas aulas particulares são fora do meu horário na academia o que torna a minha rotina um pouco mais intensa!
Não tenho o que reclamar, só agradecer!
Para a próxima semana estarei muito mais organizado com um material específico para o início dos alunos: questionário de saúde, termo de responsabilidade, recibo dos serviços. Como tenho uma boa experiência em organizar meu trabalho, isto demostrará a minha competência e seriedade perante aos alunos. E estes falarão isso para os amigos deles e assim as coisas melhorarão cada vez mais.
Me sinto muito feliz de estar trabalhando e evoluindo, e com certeza não estou só me referindo ao fato de ser mais reconhecido finaceiramente, e sim saber que os meus alunos se sentem confortáveis e seguros da minha experiência e profissionalismo.

Grande abraço e nos falamos em breve!

domingo, 3 de outubro de 2010

Gold Coast Half Ironman 2010

No domingo participei de mais um meio ironman aqui na Austrália. Esta prova foi estrategicamente posicionada no meu planejamento para poder treinar em condições reais e testar técnicas e equipamentos para o ironman em dezembro.
Vamos para a prova:
A prova foi realizada em uma localidade pertencente à Gold Coast, em Calypso Bay, que fica a 60km de Brisbane.
O registro e a colocação da bike na área de transição foram no sábado das 12 às 16horas, e fomos para lá às 11.30. Com a ajuda de mapas conseguimos chegar em mais ou menos 50 minutos.
Deixamos a bike e fomos embora.
A área de transição foi aberta às 4.45 de domingo e nós, após acordar às 3.30, chegamos lá às 5. Pelo menos o pouco sono foi de excelente qualidade!
O dia não estava com um clima muito bom, pois estava chuvendo e ventando muito. Como a área para a largada é estreita, tiveram várias largadas de acordo com as categorias. No total, estavam competindo 1,400 atletas.
Minha largada foi ás 7.17 da manhã, e com a água com a temperatura de 19.5 graus celsius, eu estava usando roupa de borracha. A largada foi muito boa, não teve bate-bate porque tinham apenas uns 50 atletas. O ruim foi a visibilidade pois era um percurso com curvas e com a chuva, ficava difícil de ver as bóias. Eu senti que estava nadando com uma boa velocidade e me lembro de ter levantado o tronco para ver melhor apenas duas vezes.
Saindo da água tivemos que dar uma corrida em uma marina onde o piso é de madeira e com alguns degraus, o que com a chuva ficou muito perigoso.
Como havia um número grande de atletas, o local para colocar as bikes foi um estacionamento. Tinham três áreas: uma anexa ao estacionamento, em cima e subsolo. Eu tive muita sorte e azar de estar posicionado no subsolo. Sorte porque os meus equipamentos estiveram secos enquanto estavam lá e azar porque eu tinha que descer e subir uma rampa em cada troca de modalidade.
Entrei no estacionamento, digo, na área de transição, peguei a bike e fui para o ciclismo. Logo na saída, quando estava acelerando a bike, ouvi um barulho e vi que eu tinha perdido uma garrafa com gatorade... Tudo bem. Eu tinha a idéia de fazer um ciclismo progressivo dentro das duas voltas no percurso. O percurso foi predominantemente plano com algumas subidas de curta distância e média inclinação. Seria tudo muito tranquilo se não estivesse chuvendo e ventando o tempo inteiro. Eu estava estreiando um par de rodas de carbono, tubular e perfil de 66mm, e senti uma certa instabilidade por causa dos ventos e da quantidade de água na estrada. A estrada não era lá estas coisas...com algumas partes muito boas e várias horríveis. Não tive muito tráfego por causa das largadas separadas, e quando tive, passei logo para evitar penalizações.
O ponto que me preocupou um pouco foi que tive dores na lombar logo a partir do km 10 quando estava na posição aero, mas com o tempo a dor não aumentou. Passei a primeira volta para 1h21min e fui para a segunda buscando baixar dois minutos e finalizar com 2h40min, o que era o meu plano original. Não deu outra! Eu estava muito bem a partir do km 60 e imprimi um ritmo muito bom até o final. O somatório das transições foi 3min22seg, o que estava abaixo do meu planejamento (2 minutos para cada transição). Como eu havia feito um ritmo um pouco mais forte do que estou acostumado na bike, eu acabei sentindo um pouco de dificuldade nos primeiros kilômetros da corrida. Como eu estava muito confiante no treino que eu fiz e na minha condição física, procurei me tranquilizar e pensar somente que eu tinha que manter a forma técnica da minha corrida e pacientemente aumentar o ritmo da corrida. O resultado foi muito positivo e consegui executar uma corrida progressiva sem perder a técnica. Até recebi um comentário de uma colega de como eu estava relaxado durante a corrida. E a idéia foi esta mesmo. Enquanto eu podia estar pensando de como eu estava sofrendo com dores nas costas e nas coxas, eu busquei estar o mais relaxado possível e executar os movimentos da melhor forma possível.
Eu acabei sentindo um grande desconforto nos últimos três kilômetros devido ao ritmo que eu estava executando, contudo consegui manter firme até o linha de chegada.
Tendo esta prova como um treino para o ironman, eu cheguei a conclusão que eu tenho que fortalecer mais a minha lombar, que eu posso usar aquelas garrafinhas com o gel diluído na bike e na corrida ao invés de levar os sachês de gel, que eu posso nadar com as barras de carboidrato no bolso do top (prova com roupa de borracha), que eu poderei usar a garrafa de água no clip (aerodrink) no ironman, que a minha estratégia de fazer a prova progressivamente está funcionando muito bem, que eu preciso comer e beber um pouco mais durante o ciclismo.
Foi uma ótima experiência mesmo com um clima muito ruim.
Meu tempo final foi 4h59min47seg, contudo, mais uma vez, eu estava preocupado com o processo e não com o resultado. E por isso, eu acredito que tive um ótimo resultado.

Abaixo o vídeo da chegada!!! Grande abraço!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Muitas novidades!!!

Bom galera, agora as coisas começaram a andar para o meu lado! Neste mês aconteceram muitas coisas e foi uma correria. Logo após terminar o curso de diploma em fitness, eu comecei a me agilizar para me registrar no Fitness Australia, e procurar trabalho.
Primeiro, eu tive que aplicar para o registro que tem dois anos de validade e pagar uma taxa. O procedimento foi bem fácil pela internet, mas eu tive que tirar umas cópias autenticadas para enviar para eles finalizarem o meu registro. Neste período de dois anos eu terei que comprovar um determinado número de horas em cursos, congressos, etc, para poder renovar o registro. Para efetuar o registro além do curso válido (no meu caso Diploma de Fitness), eu tenho que ter um curso atualizado de primeiros socorros e RCP (o primeiro é renovado a cada dois anos e o segundo a cada 1 ano). Daí comecei a procurar trabalho. Todos pedem que o profissional tenho seguro, alguns pedem um registro de empresa (tipo CNPJ) e o cartão azul (obrigatório para trabalhar em ambiente em que tenham menores de 16 anos). Eu já tinha o cartão azul porque trabalho de árbitro no Triathlon Queensland, e os outros eu fui fazendo. O ABN (CNPJ deles) é de graça e fiz na internet, mas já o seguro foi quase 200 dólares por dois anos.
Tudo pronto, fui para as entrevistas. Em uma semana fiz duas, e na outra fiz a segunda no mesmo lugar. Uma com o gerente e outra com o proprietário. Inicialmente eu pensei em ficar com os dois, mas depois preferi escolher o mais próximo e com a melhor proposta. Aqui não existem profissionais de educação física normalmente na sala de musculação, quase todo mundo tem personal trainer, mas nesta academia onde estou trabalhando por duas semanas, eles me pagam para ficar 4 horas por dia (um sábado sim, outro não), e posso usar a academia para treinar os alunos particulares. Muito bom.
O treinos estão indo muito bem, eu apenas tive uma semana quase parado por causa de um gripe, mas agora está tudo bem. Tenho executado o plano que eu tenho do Marcelo mas tenho feito algumas modificações necessárias por causa da minha mudança de rotina. No geral está indo tudo de acordo com os meus conceitos, e o mais importante, tenho respeitado muito meu organismo para poder chegar no Ironman de dezembro com o melhor condicionamento possível.
Fiz um excelente período de base porque a consistência dos treinos foi sólida. Nada de "melhores treinos da minha vida", mas todos os treinos tinham uma proposta e eu fui pacientemente atingindo meus objetivos. Cabe lembrar que eu estou tratando uma lesão muito séria e difícil de tratar no meu púbis, mas mesmo assim estou conseguindo treinar, melhor e continuar consultando na fisioterapia. Outra coisa...estou em dieta por mais ou menos 4 meses e consegui perder 10 kilos, e assim as coisas começam a ficar mais fáceis.
Estou a uma semana do Meio Ironman de Gold Coast, e está indo tudo perfeitamente bem...até a chuva ajudou nesta manhã fazendo com que eu ficasse mais tempo na cama descansando e não precisando sair para fazer um treino de transição.
Em breve mais notícias!!! Abraços!

sábado, 4 de setembro de 2010

E a base está estruturada!!!

Como alguns já sabem eu estou treinando para o Ironman Western Australia que acontecerá em dezembro deste ano, e que eu comecei os meus treinos com 21 semanas para a data da prova. Depois de 8 semanas estruturando o meu período de base posso dizer com absoluta certeza que estou no caminho certo. Porque eu acredito nisso?
Primeiramente, porque eu consegui obter uma excelente consistência nas três modalidades, apenas perdendo alguns treinos em um período de dois meses. Com certeza eu tive ótimas sessões de treinamento, o que não significa que eu tive altas médias de velocidade, e sim porque eu treinei consciente de que em um período de base o mais importante é manter a frequência nos treinos e aumentar cautelosamente as distâncias. Não fiz nada de absurdo, não bati meus recordes pessoais nos treinos, contudo consegui me manter com um foco muito forte no meu objetivo em dezembro.
Na realidade, toda esta cautela está sendo utilizada pois venho de uma lesão muito séria no púbis e o meu maior pesadelo seria se ela voltasse... Continuo fazendo fisioterapia para evitar algum problema futuro com a lesão, estou fazendo pilates para fortalecer os músculos envolvidos, dieta para estar com um bom peso no ironman (já perdi 8 kilos), e o mais importante estou seguindo a minha receita de sucesso: continuo seguindo o planejamento do meu técnico em POA, o Marcelo Diniz. O melhor disto tudo é que como tenho uma relativa experiência e algum conhecimento na área posso delinear os treinos de acordo com o que eu acredito, e principalmente, com o que já foi testado e aprovado.
Daqui mais ou menos um mês eu competirei em um meio-ironman em uma praia perto daqui, Calypso Bay, Gold Coast, e a minha expectativa nesta prova não está relacionada ao resultado final, e sim ao processo como um todo. Eu usarei está prova como um treino "de luxo", para o ironman, e dentro do meu planejamento, este será o momento de refinar os detalhes inerentes à prova alvo de dezembro. Vou testar a hidratação, a alimentação, roupas e algumas estratégias de prova. Após a prova vou detalhar tudo, analisar, manter os pontos positivos e buscar a correção dos problemas.
Outro motivo da cautela com relação aos meus treinos é evitar entrar em "overtraining", e comprometer todo o plano. Lembro que nos três primeiros ironmans que treinei, quando chegava em três meses de treino eu não queria mais enxergar a piscina, tinha náuseas quando pensava em sair para correr e rezava todo sábado à noite para que chuvesse e não ter o fundão de domingo!!! Mas agora os tempos são outros, e hoje, por exemplo, no meu último dia de treino de base onde fechei a semana com 19 horas de treino, eu estou com muita vontade de treinar!
Para finalizar, eu gostaria de deixar uma dica: Individualize o máximo possível , pois apesar de sermos semelhantes, respondemos diferentemente ao mesmo tipo de treino!

Abraço!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Melbourne City


Após passarmos a maior trabalheira para chegar no nosso hotel em Maroondah, conseguimos nos organizar e retornar para o centro de Melbourne, onde nos tínhamos reserva em outro hotel.
Fomos para a estação de trem em Ringwood, e após aguardar alguns minutos, pegamos nosso tranporte para a centro. Não posso deixar de registrar que os bairros próximos de Melbourne (50 minutos distante), apresentam as condições de limpeza e organização que uma cidade grande tem. Isto é, quando comparamos os bairros de Melbour com os de Brisbane a diferença é gritante. Achei Melbourne mal-cuidada e suja, contudo, eu acredito que quanto maior a cidade este tipo de problema fica acentuado.
Chegando na estação central de Melbourne, seguimos nosso mapa e após uns 10 minutos caminhando chegamos na rua "Little Bourke", onde fica o Mercure Hotel. Fizemos nosso registro e fomos largar nossas bagagens para sair e descubrir mais sobre a cidade. Como o hotel está situado no coração do centro, a movimentação de pessoas e veículos estava muito grande. Fomos conhecer as redondezas e procurar algum lugar para comer. O clima por lá estava bem mais ou menos pois com frio e alternando períodos de chuva e sol, não parecia ser o melhor para passear. Fomos até um lugar chamado "South Bank", no qual tivemos que atravessar uma ponte para conhecer. O que pudemos constatar que Melbourne, apesar de ser uma cidade suja, é um ícone quando se fala de cultura e artes de todos os tipos. E outro fato bem relevante, é que Melbourne com toda certeza é uma das cidades mais multi-culturais da Australia, oferecendo as mais diversas gastronomias e culturas. Encontramos um amigo nosso de Brisbane por aqui e fomos conhecer diversos lugares (galerias de arte, centros esportivos, estádios), caminhamos muito e conseguimos aproveitar uma tarde de tempo parcialmente firme.
No outro dia fomos para um lugar afastado da cidade, onde conhecemos diversas vinícolas (até a Chandon), experimentamos alguns vinhos, tivemos um excelente almoço, conhecemos um reserva de água bem famosa e retornamos para o hotel. À noite fomos ao ótimos restaurante italiano e comemos muito bem com um preço bem acessível.
No outro dia, com um clima terrível (vento, chuva e frio), fomos às compras! Pela primeira vez andei de "tram", que é um bonde moderno responsável pelo transporte no centro e nos bairros próximos). Com o "tram" funcionando, os ônibus são raramente vistos, e atendem somente bairros mais distantes. Pegamos o transporte e fomos para uma rua em que estão localizadas diversas lojas de segunda-qualidade, ou "outlets". Encontramos lojas da Nike, New Balance, Adidas, Brooks, etc., e ainda na rua do lado tinham dezenas de lojas femininas (ótimo para Niara!). Todas com preços muito abaixo do normal! Posso dizer que eu tenho muita paciência em andar e procurar roupas, mas com frio, chuva e vento, eu não estava com o meu melhor humor...e logo insisti para voltar para o hotel. Após chegarmos no hotel, começamos a nos preparar para sair e encontrar uma amiga de longa data que o destino colocou no mesmo país, bem longe do Brasil. A minha amiga se chama Letícia, e trabalhamos no mesmo local em POA, ela dando aulas de Yoga e eu atuando como profissional de educação física. Tivemos um ótimo jantar em uma restaurante de comida do Nepal. Conhecemos o marido dela e colocamos as nossas conversas em dia. Ela realmente está curtindo morar em Melbourne e está muito feliz. Eles foram muito gentis em nos proporcionar uma noite muito agradável, e ficamos muito contentes em saber que ela está se virando com estudo e trabalho.
Na manhã seguinte tomamos café da manhã no hotel (meu prato: ovo mexido, umas 4 tiras de bacon, duas fatias de pão integral, suco de laranja e para fechar um Mocaccino!). Saímos para um shopping por alguns minutos e pegamos uma carona para o Aeroporto. Muito legal o sistema de pedágio: o carro entra na estrada e o motorista liga para a central de atendimento e faz a solicitação para andar na estrada e após informar todos os dados recebe um número de confirmação. O pagamento é feito pelo cartão de crédito e o motorista pode comprar o passe por algumas horas ou dias. Muito interesssante!
O resto foi tudo normal: faz check-in, embarca, desembarca, pega bagagem e para finalizar ainda tivemos que correr para pegar o trem para voltar para casa!
A minha análise final sobre Melbourne é a seguinte: é um lugar ótimo para se ter acesso a tudo o que diz respeito a multi-cultura, mas na minha opinião, eu não viveria lá, por ser muito grande. É o mesmo tipo de comparação que eu faria se fosse POA e SP, pois nunca trocaria a capital dos Pampas por uma megalópole catastrófica feito SP. Melbourne é uma cidade ótima para compras, para comer e para ter acesso às artes, mas só como visita... e ainda senti muuuuita falta de Brisbane!
Que ótimo estar em casa!
Abraço!


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Treinos e afins...

A preparação para o meio-ironman Gold Coast e ironman Busselton estão indo muito bem dentro das minhas expectativas e programação.
Eu estou tratando uma lesão antiga e uma nova por volta de três meses com fisioterapia e pilates, e os resultados estão sendo bem positivos. Tenho alternado uma sessão por semana de cada porque este tipo de serviço é muito caro por aqui.
Após uma tentativa frustrada de treinar com um técnico daqui, busquei um excepcional apoio do meu técnico de triathlon em Poa, e estou conseguindo organizar meus treinos de acordo com as minhas necessidades e objetivos. Posso dizer que quando um atleta, mesmo amador como eu, começa a entender como o corpo funciona e consegue agregar este conhecimento à experiências passadas, os treinos ficam cada vez mais específicos, e por isso é tão difícil treinar com um técnico ou com um grupo as três modalidades. Vou contar como os meus treinos estão neste momento.
O professor Marcelo Diniz está me ajudando com meu planejamento e eu estou organizando as sessões de treino de acordo com os volumes e intensidades propostas. Isto é, eu tenho autonomia para realizar os meus treinos desde que estejam de acordo com o planejamento. Eu acho que esse é o caminho que vai me dar bons frutos no futuro, pois ninguém melhor do que eu para entender meu próprio corpo, você não concorda?
Atualmente tenho uma rotina de 4 treinos de natação, 4 treinos de corrida e 3 treinos de ciclismo, sendo divididos da seguinte maneira:

-Natação: segunda à quinta (limiar às terças)
-Ciclismo: terça (força), quinta (limiar) e sábado (transição)
-Corrida: segunda (aeróbio), quarta(intervalado/lomba), sexta (longo) e sábado (transição)

Tenho feito a natação sozinho em uma ótima piscina perto de casa, a corrida também tenho feito sozinho (às vezes com Niara) e os treinos de ciclismo eu tenho feito alguns no computrainer.
Esta rotina descrita acima está de acordo com o que eu entendo ser bom e suficiente até o momento para mim, e não tenho nenhuma intenção de dizer que este tipo de programa é melhor ou pior que os outros, contudo, quando mais customizado o programa for, melhor será para atender as necessidades de um atleta especificamente.
Grande abraço e bons treinos!

P.S.: Hoje foi um dia que descreve muito bem como eu gosto de treinar. Fui para uma lomba aqui perto de casa sozinho e fiz meu treino. Sem relógio, sem monitor cardíaco, sem parcerias, sem espectadores, sem interrupções, só eu e a lomba!!! Foram 10 subidas mantendo a velocidade e trabalhando a minha técnica de corrida, e posso dizer que este treino foi perfeito!

sábado, 7 de agosto de 2010

Churrascaria em Brisbane

Neste sábado fomos à uma churrascaria aqui em Brisbane. Segundo os proprietários, a churrascaria seria baseada no padrão gaúcho de churrasco.
Reservamos com uma boa anteciapação e fomos. Chegando lá pudemos perceber que o restaurante é bem similar aos nossos no que diz respeito ao cardápio e disposição das mesas.
A primeira pessoa que veio nos atender me perguntou, em inglês, se eu sabia como o restaurante funcionava, e eu respondi que sim pois sou de POA. Daí a guria começou a falar em português, e assim como ela, quase todos os funcionários são brasileiros.
Pedimos o espeto corrido e ficamos esperando para ver qual era diferença com relação as carnes que normalmente comemos. Bom, tinha alcatra, picanha (muito boa), coração de galinha, frango, filé com alho, porco, ovelha, cupim. A carne era muito boa e pelo fato de ser feita na brasa, o gosto pareceu melhor do que conhecíamos por aqui. Os pontos negativos da comida foram os seguintes: o salsichão é como as salsichas daqui, isto é, nem um pouco parecido com o nosso do sul, não tem costela, serviram pão de queijo, caçava (batata frita cortada grande e aipim frito), e arroz com alho (estilo mineiro)! Segundo a Niara a composição das comidas foi semelhante à Minas Gerais. Assim como os donos, que são de Goiás, a música sertaneja dominou no tempo que estávamos por lá...isto para mim foi outro ponto negativo do restaurante.
Nossa avaliação foi que o restaurante é muito bom (apesar dos pontos negativos), contudo o custo nos fará aparecer por lá apenas a cada dois meses.
O nome do restaurante é "Mundo Churrasco", e quem aparecer por aqui, e quiser matar a saudade de comer um churrasco parecido com o nosso, é uma boa opção.
Abraço!

Melbourne, Victoria (Maroondah)


Este é o post em que vou descrever a nossa "saga" realizada para ir e estar em Melbourne e arredores.

Nos organizamos muito adequadamente para esta viagem pois a Niara sabia que o teste prático de medicina seria em perto de Melbourne, estado de Victoria. Em nossa preparação, compramos as passagens aéreas e reservamos os hotéis (um em Maroondah City Council, local da prova e outro em Melbourne CBD), e ainda visitamos os websites sobre o transporte público nas cidades acima mencionadas (melhores opções de transporte).

Acordamos dia 30/07 às 5.00, pois o trem que ia para o Aeroporto Doméstico passava em uma estação aqui perto às 7.00 (sabe como é né, mulher se arrumando tem que ser duas horas antes...), e ainda teríamos que caminhar uns 30 minutos para chegar na estação de trem em South Bank (arrastando as malas...). Pegamos o trem e em 35 minutos chegamos no aeroporto.

Como estava com serração os voos atrasaram por volta de 60 minutos, e acabamos saindo às 10.10. Depois de quase 2h30min de viagem chegamos em Melbourne, Tullamarine. Pegamos as bagagens e fomos para o transfer que ia do aeroporto para uma estação de trem onde pegaríamos o trem para Maroondah. O tranfer (um ônibus) que ia para a Southtern Cross Station levou 20 minutos e tivemos muita sorte pois devido a uma greve o transporte público naquela sexta-feira era de graça.

Esperamos uns 20 minutos em uma mega estação de trem que pelo que pudemos constatar, tem 15 plataformas!!! Estação de trem é localizada ao lado do Etihad Stadium, bem popular no rugby. Em nossa viagem de 50 minutos até Ringwood station pudemos ver que Melbourne, por ser uma cidade grande (segunda na Australia), não é bem cuidada. Muitas pichações, prédios velhos e sujeira. Chegamos em Ringwood, e saímos para caminhar mais uma vez...até o hotel. Teoricamente seria uma caminhada de um 1km, mas devido a nossa falha de informação nos direcionamos para o lado errado da estrada. Este "pequeno" detalhe do lado da estrada nos gerou mais ou menos 1h30min de caminhada, pois como era uma rodovia, não tinha um lugar perto para curzar a estrada e tivemos que caminhar uns 3km até uma sinaleira e voltar uns 2km até o hotel...Naquela hora comecei a odiar aquele lugar...mas como que não tem uma passarela??? E outra, o hotel era perto do hospital em que a Niara teria o teste, contudo, era longe de todo o resto!!! Supermercado, lugar para comer, etc... O clima foi outra coisa contra pois não ficava com sol, ou chuviscando, ou frio, mudava toda hora. E que quarto de hotel gelado...

Bom, depois de quase 12 horas a partir de acordar, chegamos no Ringwood Motor Inn.

Como tenho muitas novidades sobre a viagem vou dividir em duas postagens.


Na semana que vem conto mais histórias sobre a nossa viagem para Melbourne.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Atualizando

Atualizando os fatos das últimas semanas após o State of Origin:
-Fiz o teste de proficiência IELTS com o objetivo de melhorar os meus resultados e aplicar para o ingresso na pós-graduação da Universidade de Queensland. O teste avalia 4 habilidades de comunicação (escrita, interpretação de texto, compreensão auditiva e conversação), e a nota e dada por habilidade e no geral. O máximo possível neste teste é 9, e o necessário para ingressar na pós-graduação ou na graduação por aqui é 6.0 na parte escrita e 6.5 no geral. No meu primeiro e único teste eu fiz 6.0 no geral e 5.5 na parte escrita. Desta vez, morando aqui por mais de um ano e me preparando em um curso da universidade as possibilidades de aumentar as minhas notas eram boas. E foi o que realmente aconteceu. Eu aumentei as minhas notas, exceto na parte escrita...Fiz 6.5 na compreensão auditiva (aumento de 1.5), 7.0 na interpretação de textos (aumento de 0.5), 6.5 na conversação (aumento de 0.5) e na parte escrita repeti o resultado do primeiro teste, 5.5. Vou ter que repetir o teste até o final do ano para começar a estudar na pós-graduação no ano que vem. Contudo, é fácil de entender porque eu não melhorei a escrita, pois é a habilidade que eu menos uso no dia-a-dia.
-Retomei de forma gradual os treinos por causa da lesão do púbis, e ainda estou dividindo o meu tempo entre fisioterapia e aulas de pilates. Que por sinal são muito doloridas...e muito caras!!! Acho que fiz umas 8 semanas de caminha/corre corrigindo a minha postura na corrida e evitando possíveis lesões no mesmo lugar. A partir deste sábado vou começar a correr direto 40 minutos, mas muito devagar, ainda controlando a postura e usando um modelo de corrida projetando o corpo para frente. Após 10 sessões de ciclismo indoor, eu terminei uma fase de condicionamento básico para retornar os treinos normais, e na próxima segunda-feira começo os treinos para as provas de Gold Coast em Outubro (meio-ironman) e Busselton em Dezembro (ironman), com um técnico daqui.
- A Niara continua estudando que nem uma loca para a prova prática de medicina que acontecerá em Maroondah (próximo de Melbourne no estado de Victoria), no dia 01/08. Passaremos uma semana por lá, três dias em Maroondah e três dias em Melbourne. Fiz contato com uma amiga do Brasil que está morando em Melbourne e combinamos de nos falar por lá. Ela deve estar dando aulas de yoga pois em POA, ela trabalhava com esta atividade. Por alguns anos trabalhou conosco no SESC.
-Estou de dieta há mais ou menos duas semanas e me adaptei muito bem com o plano alimentar proposto pela nutri. O meu objetivo é estar com um peso adequado para as provas deste ano, e com condições que conseguir os meus melhores resultados nas distâncias de meio-ironman e ironman.
As novidades que eu tenho para o momento são estas e em breve atualizo o blog.
Abraços!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

State of Origin - O jogo












No dia do jogo, nos programamos para ir ao estádio caminhando, contudo após eu conversar com uma senhora na imobiliária quando fui pagar o aluguel. eu descobri que tinha um serviço de ônibus atendendo a demanda de transporte. E melhor, um dos chamados "shuttle bus", passava na estação do lado de casa. Saímos às 18.00 para evitar o tumulto pré-jogo, e para encontrarmos nossos lugares calmamente. Quando chegamos na parada já vieram dois ônibus, e então após entrarmos descobrimos que era de graça. O ônibus era direto e em 15 minutos estávamos chegando no estádio, e levamos todo este tempo por causa do tráfego, caso contrário chegaríamos em 7 minutos. Tudo muito organizado, com pessoas por todos os lados ajudando e organizando o fluxo das pessoas. Não caminhamos mais do 50 metros da estação de ônibus até o estádio. O estádio é muito bem cuidado, limpo e organizado. Olha, para mim este estádio é um exemplo porque a comunicação visual é ótima, e dificilmente alguém conseguiria se perder lá (até nós!). Como os assentos são numerados, o estádio é dividido por áreas, zonas, fileiras. O mais interessante é que em cada zona tinha um banheiro e área de alimentação. A iluminação é excepcional e como sentamos bem no meio das arquibancadas (apesar de ser bem lá em cima), tínhamos uma ótima visibilidade. O que me chamou a atenção foi como os australianos comem porcaria e bebem cerveja. Foi o jogo inteiro indo buscar comida e cerveja! Outra coisa boa é a proibição do fumo dentro do estádio.
Tinham dois telões e quando sentamos, estava ocorrendo o jogo entre os sub-18, e Queensland perdeu para New South Wales. Antes do jogos teve show de rock e canto do hino deles.
A partida foi ótima! Obviamente porque derrotamos os Aussie Blues por 34 a 6. E olha que até os 78 minutos do segundo tempo estava 34 a 0. Mas no fim eles conseguiram um "TRY" de honra...
Com esta vitória, Os Maroons, conquistaram o título do State of Origin pela quinta vez consecutiva. Aconteceram algumas brigas durante o jogo, e a torcida enlouquecia cada vez que os jogadores começavam a se socar! Eles adoram!
Para voltar, tudo foi muito tranquilo. Apesar do grande movimento de pessoas, todos são muito educados e conseguimos pegar nosso ônibus muito rapidamente. Em aprox. 20 do final do jogo estávamos chegando em nossa casa.
Foi uma excelente experiência, e acredito que em Agosto vamos ir a um jogo de AFL, o futebol deles.
Se alguém tiver alguma curiosidade a respeito do jogo, por favor me pergunte pois farei o possível para responder.

Abraço!







segunda-feira, 14 de junho de 2010

State of Origin - 2010


Desde que nos mudamos para a Australia decidimos que tentaríamos nos envolver com a cultura e os hábitos dos australianos, e não somente tentar viver como vivíamos em Porto Alegre. Esta idéia foi se confirmando a medida que o tempo foi passando, e percebemos por parte dos australianos, que apesar de não se importarem muito, as pessoas que tentam viver exatamente como viviam nos países de origem, não são muito bem vistas. Cito como exemplo a maioria dos chineses que tem a disposição a comida deles, andam sempre em grandes grupos e pior, não tentam falar em inglês quando tem oportunidade.
Escrevi tudo isto porque desde que chegamos por aqui estamos nos esforçando para entender como eles jogam os esportes mais populares como cricket (no início achava muito chato e incompreensível!), rugby, netball, AFL. Agora até consigo explicar para os outros e entender as táticas nos jogos. Assim como eu, porto-alegrense e gaúcho, os queenslanders, ou melhor, os nascidos no estado de Queensland, também são "bairristas", e este comportamento se reflete de maneira mais aguda durante um torneio de melhor de três jogos de rugby league (NRL). Esta série de três jogos chama-se "State of Origin", e acontece há muitos anos por aqui. A disputa é entre os dois estados: Queensland e New South Wales e acontece anualmente. O nome da disputa está relacionado ao lugar onde os jogadores selecionados para os jogos, iniciaram a carreira profissional no rugby. Isto é, mesmo que um jogador esteja jogando atualmente em um clube profissional de New South Wales ou Victoria, mas iniciou como profissional em Queensland, se ele for selecionado para jogar será da seleção de Queensland.
Cada estado tem a sua cor tradicional, sendo "maroon" (tipo cor de vinho tinto) para Queensland e "blue" (azul) para New South Wales.
Quando chegamos em Brisbane há um ano, logo aconteceram os jogos e ficamos muito interessados em acompanhar. Assistimos dois jogos na tv, e pensamos em ir ao estádio, mas como estávamos nos adaptando e o dinheiro estava curto(os ingressos mais baratos já estavam todos vendidos...), não fomos. Contudo, nos comprometemos que no próximo ano (este ano), iríamos, e vamos. Compramos os ingressos a três semanas e amanhã às 20h estaremos no Suncorp Stadium, o mesmo estádio dos times da cidades e do estado: Broncos (Rugby League), Reds (Rugby Union) e Roar (Soccer).
Amanhã, finalmente iremos ao estádio para assistir à uma partida de rugby, e melhor uma partida considerada épica pois os "maroons" venceram a série nos últimos quatro anos e venceram a primeira partida disputada em New South Wales. A rivalidade é como se fosse um Gre-Nal, mas infelizmente, desta vez, eu não estarei no lado azul...
Depois eu escrevo mais sobre a experiência de ir assistir um jogo de rugby aqui Brisbane.

Abraço!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Treinos de ciclismo indoor


Estou voltando aos poucos para os meus treinos de ciclismo depois de mais ou menos 4 meses parado. Estou nadando de duas a três vezes focado na técnica e com baixa intensidade e baixo volume. Na corrida, estou seguindo as orientações do fisioterapeuta que analisou a minha corrida fazendo o tradicional caminha-corre-caminha... Os treinos de ciclismo estão sendo feitos indoor de duas a três vezes por semana e uma ou duas na rua. Neste post vou explicar como os treinos funcionam e porque escolhi treinos indoor para voltar a forma.

Inicialmente, eu gostaria de mencionar que não sou muito fã de treinos indoor, e até um ano atrás eu poderia dizer que eu era contra. Porque eu estou aceitando mais este tipo de treino?

Vou colocar o que eu acho de acordo com alguns pontos positivos e negativos de treinar indoor:

Positivos- Não tem tráfego de veículos te colocando em risco, as variáveis estão controladas (potência, velocidade, distância, temperatura), o esforço é contínuo pois se parar de pedalar a velocidade pára (na rua quando descemos lombas, às vezes, não pedalamos), dá para simular diversos tipo de terreno (subidas, descidas), dá para se estimular quando está fazendo o treino em grupo (ultimamente tenho feito os treinos sozinho por que estou treinando no horário mais barato), dá para simular diversos tipos de circuito (por exemplo: Ironman Hawaii). Tudo isto é feito com a própria bike em um computrainer, e não em um rolo normal.

Negativos-Não tem o vento na cara, não é mesma coisa do que treinar na rua pelo nível de concentração, detona o pneu traseiro, treinando na rua nos dá a sensação real do que vai ser enfrentado no dia da prova, no computrainer com a mesma distância percorrida o esforço é maior e degrada muito mais.

Para concluir, resolvi experimentar o treino indoor, e acho que é uma excelente opção durante os treinos de recuperação e muito importante pelo menos uma vez por semana. Eu tenho lido diversas revistas e consultado diversos websites, e existe um consenso entre os profissionais de que o treino indoor é muito relevante para o treinamento, tanto que diversos triatletas profissionais fazem uso deste treino regularmente.


Acho que é isso.

Grande abraço!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Análise biomecânica da corrida


Estou com uma lesão importante relacionada com a corrida e estou sendo submetido a sessões de fisioterapia por algumas semanas.

Esta lesão começou a aproximadamente 2 anos e como não parei ou realizei um tratamento adequado, ela agravou. Segundo o médico do esporte daqui, o que eu tenho é uma osteitis pubis.

Os motivos são diversos: falta de alongamento, falta de fortalecimento muscular, técnica de corrida inadequada, etc.

Não tenho problemas durante a corrida pois competi algumas vezes desde o início da lesão, mas o problema é a dor pós-treino. Durante o tratamento de fisioterapia, o objetivo é reestruturar toda a região que circunda o quadril através de terapia manual. As sessões são extremamente doloridas e tenho muitos exercícios para fazer em casa também.

Para poder entender e melhorar com relação à esta lesão e previnir prováveis outras fui submetido a uma avaliação biomecânica da minha corrida. Esta avaliação foi feita por uma dos fisioterapeutas do esporte que trabalha no mesmo centro de medicina do esporte onde tenho as sessões de fisio. O processo foi extremamente simples e rápido.

Primeiro o fisio fez alguns testes na minha musculatura examinando alguns pontos de contratura muscular e depois fomos para rua. Ele me explicou qual era a direção que eu deveria correr e que ele iria filmar por diferentes ângulos para depois me explicar os resultados.

Ele filmou eu indo e voltando para ter imagens de frente e de costas, e depois fez imagens laterais da minha corrida. Logo depois ele me mostrou os resultados da filmagem e me explicou o que estava (está!) funcionando mal. Após a explicação ilustrada com imagens, ele me mostrou o que eu deveria fazer melhorar a técnica através de alguns movimentos muito simples. Me disse os grupos musculares envolvidos e porque a minha técnica precisava melhorar. De acordo com a explicação foi verificado que:

-A minha passada da perna direita está boa, mas a da perna esquerda está muito à frente da linha traçada de cima para baixo, do tronco para os pés. O que acontece quando a passada está muito para frente do tronco quando o pé toca no chão? O corpo freia o movimento, aumenta o impacto nas articulações (foi verificado que o meu joelho esquerdo estava flexionando mais do que o direito).

-De acordo com a avaliação também foi constatado que a minha posição de corrida está como se estivesse tentando me sentar, pois eu estava sobrecarregando os flexores de quadril e usando muito pouco os glúteos (talvez por estarem com a musculatura fraca).

Baseado nestas informações, o fisio me passou alguns movimentos muito simples e repeti a corrida para verificar a percepção da mudança. E melhorou. Eu mudei a posição da corrida flexionando um pouco o tronco até o ponto de sentir que a musculatura dos flexores de quadril não estava estendida ou muito firme através do toque com a ponta dos dedos.

Logo após fomos para a sala da fisioterapia e ele escreveu todas as informações, além de preecrever um programa de 4 semanas para voltar a correr.

O custo não foi muito acessível, contudo o que eu poderei economizar futuramente prevenindo lesões com certeza compensará.


Nos falamos em breve!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Histórias do IRONMAN parte 4 - 2007
















Bom galera, o ano de 2007 como mencionei anteriormente foi marcado por muitas mudanças.A primeira foi a troca de técnico. Acho que a relação com meu antigo técnico estava desgastada, e talvez estivesse influenciando negativamente o nosso trabalho. Achei melhor continuar tendo uma boa amizade do que um técnico. A minha orientação foi para as mãos do técnico Marcelo Diniz. Com uma abordagem diferente e renovada, consegui manter um bom padrão durante os treinos.
Eu mudei a minha postura perante a prova buscando entender melhor como eu funcionava. A partir daí, o meu foco não foi geral ou superficial com relação a prova, pois eu trabalhei especificamente as minhas necessidades. Como se faz isso? Analisando cada resultado obtido, reafirmando os pontos positivos e buscando as causas dos pontos negativos para corrigí-los.
Um bom exemplo foram os treinos de ciclismo. Muitas vezes eu me saia para pedalar com um grupo nos domingos pela BR e em algumas oporturnidades algum débil mental resolvia que deveria aumentar o ritmo enlouquecidamente sem mesmo dar tempo de aquecermos. Então o que acontecia? Todos tinham que quebrar o ritmo para tentar anular a fuga. Para quê??? No passado eu tentaria aumentar o ritmo e ficar no pelotão, mas neste ano, eu simplesmente mantia o meu ritmo, e se ficasse alguém comigo, ótimo, e se não paciência. Fiz vários treinos com o Anir, com o Lula e com o Xandão. Lembro que os meus treinos longos foram um ou dois de 150km com um ritmo médio de 30km/h. Comecei a colocar em prática o que era melhor para mim, e complementei os longões com vários treinos de 120-130km com um ritmo um pouco mais forte. Outro fato com relação ao ciclismo foi que eu treinei a maioria do tempo três vezes por semana, o que me deixava mais descansado para os outros treinos. Mais um ponto importante foi o fato de que eu tentei reproduzir a prova em todos os treinos possíveis. Por exemplo: parei de usar meias nos treinos de ciclismo.
Meu treino mais longo de corrida foi de 28km. Eu pensei que não era necessário fazer 30-32km porque eu tenho uma boa base de corrida.
Se eu fizer uma análise geral do que foram meus treinos eu posso dizer que eu treinei consideravelmente menos e com menos estresse associado. Sabia o tinha que fazer.

A prova-
Pela primeira vez fomos com o nosso carro, eu, a Niara e a bike. Nos hospedamos juntamente com o Xandão e com o Zé. O lugar era um pouco afastado em Jurerê Tradicional, mas muito bom bom. Fizemos como se fosse uma concentração pois fizemos praticamente todas as refeições em casa. O Xandão cozinhou muitas massas para nós, o que foi ótimo.
No dia da prova eu estava mais relaxado do que nos outros anos e consciente que seria uma ótima prova. Acordamos muito cedo e usei como motivador o meu mp3 com algumas musícas de reggae de um cantor israelense. Fiquei muito ligado e a fim de competir.
Equipamentos-
Natação - óculos Nike para águas abertas, maior e mais visibilidade (me apertou, me machucou o rosto, entrou água, uma legítima merda!!!), roupa de borracha foi a mesma (única coisa que mudou foi o tamanho do furo na axila direita que aumentou!), macaquinho Orca (comprei na feira do Ironman um dia antes da prova...não façam isto!), sunga (não sei porque eu usava por baixo...).
Ciclismo - Bike nova (pelo menos para mim!) Specilaized Allez Elite vermelha, grupo Shimano 105 de 9 velocidades, pedal Look, clip Profile ( o mesmo de antes), capacete Rudy Project (comprado do Cristiano por 50 reais), sapatilha Sidi T1 (me dei de natal), rodas Bontrager Race Lite (não lembro se eu tinha comprado do Lula ou se ele me emprestou, pneus Michelin Pro-Race (emprestados pelo Anir).

Corrida - mesmo macaquinho da Orca, óculos Kuota, meias, viseira Reebok preta, e minha melhor mudança: tênis Saucony Trigon Guide 3, relógio Timex.
A prova foi desenvolvida de uma forma progressiva, natural e consciente. Primeira volta da natação tranquila, e a segunda mais forte. Saí bem no meio do bolo com um bom tempo.
A transição foi muito rápida e tranquila como sempre.
O ciclismo foi ótimo. Mantive o controle todo o tempo, e fiz a segunda volta mais forte do que a primeira. Vamos dizer que o clima ajudou, pois os ventos estavam fracos naquele dia. Lembro de ter visto o Betão, aquele da loja de Bikes de Novo Hamburgo, próximo do último retorno e eu estava em extâse, pois não acreditava o que estava fazendo. Eu não estava acreditando naquele ritmo que eu fiz. Entrei na T2 muito bem, apesar da dor nas costas, pois fiquei uns 90% na posição aero naquele dia.
A corrida foi sofrida e a partir do km 32 comecei a caminhar, mas foi tudo certo.
Cheguei muito bem, conquistando o meu melhor resultado em quatro tentativas. A Niara bateu uma fotos tremidas porque estava muito emocionada.
Fui muito bem e sei que ainda existem alguns pontos para serem melhorados, mas nada melhor que após tomar as ações necessárias, obter um resultado extramamente positivo.
Revisando as principais mudanças:
-Treinar em grupo se atender a sua necessidade, se não, treine sozinho ou com alguém com a performance muito parecida.
-Treinar com o equipamento como se fosse competir. Se eu treino ciclismo sem meias, eu vou competir sem meias (nunca vi nenhum pró usando meias).
-Faça o que for necessário de acordo com uma análise detalhada de desempenho. (Ex.: pontos positivos e negativos).
-Treine com um técnico que seja experiente (os meus dois únicos são muito!).
-Faça as mudanças que sejam necessárias sem medo de errar. (se não mudar vai ficar na mesma e você não saberá se seria melhor ou não, entende?).
- Por fim, o que eu reafirmei dentro da minha perspecitva a respeito do treino para uma prova de distância longa foi o seguinte: "MENOS É MAIS, MENOS DISTÂNCIA E MAIS QUALIDADE!"
Abraços!





sábado, 15 de maio de 2010

Histórias do IRONMAN Parte 3 - 2006

Quando nos deparamos com uma realidade fora do nosso controle o mais importante é tentar manter o pouco de equilíbrio que nos resta agindo de acordo com as nossas convicções. Isto é, fazer o melhor que podemos com o que temos e sermos felizes com o resultado obtido.
Após o Ironman de 2005 procurei descansar a cabeça e principalmente o corpo, pois a prova foi devastadora fisicamente e principalmente, psicologicamente. Para tanto me dei umas boas férias nos treinos. O fato foi que estas férias foram longas demais, e por isso, me desmotivei muito para retornar. Aprendi que isto pode ser considerado uma doença chamada "depressão pós-ironman", onde os atletas após realizarem o objetivo de finalizar um ironman não sentem vontade de treinar ou competir pois um objetivo gigantesco foi conquistado. Existem muitos relatos a respeito desta doença na internet, e podem ter a absoluta certeza que é real! Quando se atinge um objetivo como terminar um ironman, a melhor abordagem seria comemorar muito valorizando a conquista e se planejar para o retorno, definindo quanto tempo vai ficar sem treinar, o que vai treinar no retorno e quais serão as próximas competições.
Escrevo isto antes de relatar a minha terceira participação no Ironman pois esta prova me marcou muito por causa desta provável "depressão pós-ironman".
Comecei a minha preparação atrasado com o meu técnico Eduardo Remião. Eu não sentia nenhuma vontade de treinar, e começava me sentir desconfortável em treinar com o mesmo grupo de antes. Comecei a me isolar, comecei a sentir muita irritabilidade quando as coisas não aconteciam como eu planejava. Em resumo, não treinei suficientemente e estava com sobre-peso!
Com relação aos equipamentos utilizados, eu somente mudei os tênis, o que foi uma péssima escolha. Usei um adidas tipo o Supernova que tinha uma correção para pés pronados. Os meus pés estão mais para neutros do que para pronados, então machuquei muito a msuculatura do meu arco plantar. Aprendi a lição de que deveria trocar as meias do ciclismo para a corrida, para evitar problemas futuros, como bolhas. No restante foi tudo igual.
O mais importante nesta prova que eu me inscrevi por que queria fazê-la independente da condição física, foi a importância que eu dei para o objetivo final, que era simplesmente acabar a prova. Eu não tinha nenhuma pretensão ou pressão de me sair bem porque eu não havia treinado. Vocês sabem qual foi o resultado? Foi a melhor prova de Ironman que eu fiz com o pior tempo das três vezes que participei!!! Vocês conseguem entender? Melhor prova com o pior tempo? Vou explicar.
Como a minha única expectativa era terminar a prova, e para isto eu tinha 17 horas para fazer, não tive nenhum problema em estar relaxado. Só para vocês terem uma idéia o quanto eu estava relaxado, eu tive a melhor noite de sono pré-prova de todos. Eu a Niara estávamos hospedados, se não me engano, com o Giorgio, a Pati, Zico e Dedé (não lembro direito). Até recebi uma sessão de acupuntura para relaxar, da Pati.
A prova-
Natação: Sem problemas, saí lá atrás para não atrapalhar os outros e fui bem tranquilo.
T1: Tudo normal, sem atropelos.
Ciclismo: Como eu não tinha nenhum plano ou ritmo para seguir eu simplesmente não me preocupei em verificar a bike. O resultado foi melhor do que o esperado, pois logo na saída para o percurso, quando passei por um quebra-molas o ciclocomputador parou de funcionar. Sei lá, deve ter soltado na viagem para Floripa. Não poderia ter acontecido coisa melhor. Já que eu não estava interessado em seguir nenhum ritmo ou controlar coisa alguma, para que eu iria querer o ciclo funcionando? Foi perfeito!
Lembro também que não tinha muito vento no trajeto mas que estava muito quente. Sofri um pouco por conta da minha "bela e corpulenta" sapatilha da adidas. Meus pés doeram horrores!
T2: De novo com muita calma, realizei as trocas necessárias.
Corrida: Fora a dor que eu estava nos meus arcos plantares, corri com muita tranquilidade. Caminhei em todos os postos de hidratação/alimentação e em algumas partes do percurso. A minha cabeça estava muito tranquila e como eu sabia que a cada passo eu estava cada vez mais próximo do objetivo, eu somente mantive o foco nisso.
Cheguei muito bem, cansado, dolorido mas muito, muito feliz. Encontrei a Niara chorando como se fosse uma conquista dela, e realmente foi! Após passar por muitas dificuldades e incertezas, eu sabia que naquela data o único lugar onde eu gostaria de estar era ali, finalizando mais um Ironman.
O dia seguinte foi reflexo da abordagem que dei para a prova: estava inteiro. Se fosse necessário correr, correria. O meu amigo Zico não conseguia nem caminhar direito pois ele fez a prova perto das 10 horas, e eu fiz em algumas horas a mais. A questão que fica é: quem sofre mais fisicamente: o primeiro ou o último atleta? Naquele dia o que chegou bem depois estava se sentindo bem melhor no pós-prova...
Mais um objetivo concluído onde a capacidade mental de superar as condições adversas foi utilizada adequadamente.
No próximo post sobre as histórias do Ironman parte 4 - 2007, muitas mudanças, afirmações e aprendizados.

Abraço!

OBS.: Só tenho fotos impressas deste Ironman, portando mais uma vez o post ficará sem fotos. Sorry!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

TREINO É TREINO...


Leio diversos blogs relacionados ao Ironman e sempre fico feliz com a dedicação e superação das dificuldades com que os atletas amadores demonstram com relação aos treinos. Por cinco anos consecutivos tive experiências semelhantes e mesmo que alguns atletas de primeira prova não acreditem, o período de treino é muito pior que o dia da prova. Além dos treinos, temos vida pessoal, família, amigos, lazer...e somos responsáveis por conseguir nos organizar e atender a todos da melhor maneira possivel.

Eu já vivenciei a situação que citarei aqui e em todas as edições que participei tiveram diversos atletas que fizeram o mesmo.

Assim como vários atletas eu sempre fico muito feliz com os resultados obtidos nos treinos, se a média foi boa com relação a distância, e se a minha performance foi de acordo com o esforço. Até aí, tudo normal. Quando chega o dia da prova e apesar de diversas ótimas performances nos treinos, não conseguimos reproduzir o mesmo. O que acontece? Qual a nossa primeira atitude?

No meu caso, na primeira vez, foi um desespero! Comecei a fazer as contas e tentei aumentar o ritmo enlouquecidamente! Eu pensava: "Mas como eu não consigo manter nem 32km/h, se nos treinos as minhas médias não baixaram de 35km/h"!!!

Como citei no post do Ironman 2005, no dia da prova existem fatores que não dependem de nós, e o que vai nos diferenciar dos atletas que se desesperam, excedem os limites e quebram, só porque não conseguem reproduzir os treinos no dia da prova, é a nossa capacidade de gerenciar o caos. É isso mesmo! Gerenciar o caos é enfrentar uma situação desfavorável com a melhor atitude mental possível, e que neste caso seria aceitar que a média será mais baixa do que nos treinos. Parece fácil, mas não é! Imagine os ótimos treinos realizados, as noites mal dormidas, o tempo em que não estivemos com a família e por aí vai...Não é nada fácil aceitar uma situação destas, mas o objetivo de finalizar um Ironman é muito maior do que qualquer performance estimada, é claro, na minha opinião.

A minha dica é a seguinte: se é o primeiro Ironman tenha um comportamento e uma atitude conservadora. A primeira sensação que você vai sentir na prova é a euforia causada pela liberação da nora-adrenalina, mas a chave de tudo e ter o controle das ações. Inicialmente, você pode até pensar que está fácil e confortável, mas isto com certeza passa, acreditem em mim!

Siga o seu plano e mantenha o controle emocional! Mas se for necessário fazer alguma alteração durante a prova para garantir que você vai chegar, FAÇA!!!

Não esqueçam: Treino é treino, e jogo é jogo!

Suplementos nutricionais


Hoje em dia temos a disposição uma quantidade gigantesca de suplementos nutricionais que prometem melhor recuperação, mais energia, melhor desempenho e por aí vai.

Bom, como acredito que cada um tem a liberdade de fazer o que entende ser melhor para si e tomar o que quiser, e ainda que cada pessoa é diferente da outra, vou apenas citar a minha experiência, ou melhor a minha falta de experiência.

Em primeiro lugar, independente de resultados científicos relacionados aos suplementos nutricionais, eu sempre vou acreditar em um dos princípios mais importantes do treinamento físico: Individualidade Biológica. Todos nós somos diferentes por natureza.

Em segundo lugar, a minha falta de experiência esta relacionada à não utilização de suplementos nutricionais, mas isto não significa falta de conhecimento técnico a respeito.

Quando eu estava me preparando para o Ironman pela primeira vez, em 2004, eu participei de um estudo com a Dra. Nutricionista Cláudia Dornelles. Era um estudo a respeito da relação dos radicais livres liberados com a execução de treinos de ultra endurance e as diferentes formas de nutrição (rica em antioxidantes, suplementação com antioxidantes e dieta normal). Acho que era mais ou menos isto. Para tanto fui submetido a diversos testes: testes máximos de esteira e bike, ecocardio, eletrocardiograma, exames de sangue. Tive a minha nutrição avaliada e recebi uma prescrição de dieta. Para que a informação fique clara vou frisar os seguintes fatos:

-Eu tinha um emprego de oito horas por dia;

-No meu trabalho eu tinha envolvimento físico, isto é, gastava muita energia;

-A Dra. Cláudia tinha mestrado e estava fazendo o doutorado na escola de educação física da universidade federal;

-A minha dieta foi monitorada por todo o período de treinamento para o Ironman 2004;

-Tive testes no final do período de treinamento;

-Eu não fazia uso de NENHUM TIPO DE SUPLEMENTAÇÃO REGULARMENTE;

-A minha dieta era composta somente de alimentos regulares e a quantidade calórica era de aproximadamente 3.800kcal;

-Eu somente utilizava suplementação nos treinos longos e era composta por: barras de carboidratos, barras de proteína e sachês de carboidratos em gel;

-Eu não tinha uma alimentação considerada "equilibrada" inicialmente.

Bom, esta é a minha experiência com a não utilização de suplementos nutricionais, e lembro que a Cláudia me disse na época, que se um atleta não profissional e consegue ter uma alimentação razoável, não a necessidade de utilizar suplementação.

Concordo com ela e apesar de respeitar o princícpio da individualidade biológica, acho que o fator PLACEBO, é o que realmente funciona com atletas amadores, assim li em uma revista de triathlon da Inglaterra que um fator motivacional para os triathletas de longa distância seria usar um capacete aero!!! (até onde se sabe, o capacete funciona em velocidades médias de 40km/h ou mais...)


Até mais!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Histórias do IRONMAN Parte 2 - 2005

Bueno, eu realmente comecei a entender um pouco mais a respeito do Ironman e suas "variáveis", a partir da segunda prova...
Porque eu estou escrevendo isto? Porque independente do treino que foi realizado e do equipamento existem outros fatores que interferem e fazem do triathlon um esporte magnífico e cheio de surpresas.
Minha segunda participação no Ironman em Florianópolis, como se esperava, foi construída baseada na prova anterior. A base estava maior e a experiência havia saído do zero. Os treinos foram melhores (com o mesmo grupo de 2004) e cada vez mais eu me sentia mais confiante que poderia fazer uma prova melhor e já começava a pensar no tempo em que eu poderia realizar o percurso. Somente o que me tirava realmente do sério foram os problemas com a bike. Eu nunca tinha trocado tantas câmaras devido a quantidade de vezes em que eu furei os pneus. Mas, vendo pelo lado positivo, se eu furasse na prova, eu teria uma prática absurda. O mais interessante foram alguns "colegas" que pedalavam no mesmo trajeto e às vezes com a gente que tiravam onda quando eu parava para trocar a câmara, e tiveram problemas na prova...mas eu só tive problemas nos treinos!
Como eu já tinha mais de um ano de trabalho na empresa em que trabalhava, eu decidi esperar e projetei as minhas férias para o mês da prova. Isso mesmo, eu trabalhei direto mais de 1 ano e meio só para poder tirar as férias no período da prova.
Desta vez, fui com o Zico e nos hospedamos em uma pousada onde estava a triathleta Carla Moreno. Perto do local da prova, acomodações muito boas e o preço bem acessível. O ponto negativo foi a ausência da minha namorada na época, e que hoje é a minha esposa. Foi a primeira e última vez que fiz um Ironman sem ela por perto...
Na época eu era treinado pelo técnico e amigo Eduardo Remião.
Seguimos todos os rituais: nadamos, pedalamos e corremos, mas tudo levinho.

Equipamentos:
Natação - mesma roupa de borracha da Mormaii (agora com um pequeno furo no lugar da axila), o mesmo óculos Aquablade. Por baixo da roupa: top verde da Ironman, bermuda da marca do Roberto Lemos, Ironmind (preta e bem curtinha).
Ciclismo - Troquei a Trek 1200 por uma Aerotec com o quadro de alumínio, grupo Shimano 105, clip Profile que segundo o Thiaguinho: "Mas parece um sofá este clip!" (parecia mesmo), e acho que o pedal era o mesmo, usei uma sapatilha de ciclismo da Adidas (pesada e desconfortável), óculos Kuota comprados com o Karan, mais uma vez usei meias, e finalmente usei uma camisa de ciclismo GB por cima do top para poder levar a comida.
Corrida - Top, bermuda e óculos citados acima, tênis Nike Pegasus com meias, boné da prova.

A prova:
Natação foi tranquila apesar de ter saído bem no meio da galera. Muitos reclamaram que apanharam muito neste ano, mas eu achei tranquilo.
Transição sem problemas e fui para o pedal. A partir daqui vocês vão entender porque eu escrevi aquilo lá no início do texto. O Ironman é uma prova como a maioria das provas de triathlon: é disputada ou realizada ao ar livre. Por isso, muito mais do que treinar o físico, nós precisamos treinar a mente para suportar condições desfavoráveis. No caso de 2005, o ciclismo foi o maior desafio pois o vento contra estava forte no retorno para Jurerê. O que isto quer dizer? Que dos 45km para os 90km e depois dos 135km para os 180km foram com vento contra! A partir daí a mente começa trabalhar não somente para tentar controlar os impulsos de tentar entrar no ritmo mesmo com o vento, mas para re-organizar tudo para chegar no final da prova. Foi a partir desta prova que toda vez que eu planejo uma prova do Ironman eu tenho sempre três planos: Plano A - Fazer um tempo que me surpreenda, Plano B - Fazer o tempo planejado e Plano C - Chegar!
Fiz a segunda transição sem problemas e segui para a maratona. Não sei porque eu tive a "brilhante" idéia de não trocar as meias que usei no ciclismo para sair para correr...e outra, o tênis era meio número menor do que deveria para aquele modelo. Bom, quando eu estava por volta do km 15, eu comecei a sentir uma ardência no meu calcanhar esquerdo. Ah, eu já ia me esquecendo de citar que as meias eram daquelas bem curtinhas...Como as meias estavam molhadas (água, gatorade, suor, urina...) com a corrida elas começaram a entrar para dentro do tênis e assim com o pé descoberto fiz uma "magnífica" e dolorida bolha! Como eu não conseguiria correr até o final daquele jeito com a bolha me incomodando, eu parei sentei na calçada e puxei a meia até cobrir o calcanhar. Por alguns instantes funcionou, mas para cobrir o calcanhar os dedos foram esmagados, e o resultado final foi o seguinte: as bolhas (já nos dois calcanhares) incomodaram o resto da prova, estourei as duas unhas dos dedões (ficaram cheias de sangue por baixo) e mais ou menos uns três meses depois, elas caíram!
A corrida, apesar de tudo, foi a melhor das minhas cinco tentativas. Tive a consistência necessária para fazer uma boa corrida e finalizei baixando mais ou menos 30 minutos da primeira prova. Desta vez terminei chorando, mas o motivo não era só a emoção de terminar mais uma prova, mas sim a dor que eu estava sentindo no corpo (mais nas coxas) era incrivelmente absurda!!! Acredito que esta prova foi a mais fd...de todas! E foi assim para muita gente boa. O Galindez passou mal e até xingou o meu amigo Zico. O Alexandre Ribeiro que já teve uns dos melhores tempos de um brasileiro no mundial do Hawaii, se não o melhor, caminhou na prova.
As lições que ficaram foram as seguintes: Se prepare adequadamente para a prova, saiba que o clima sempre poderá influenciar, esteja preparado para mudar o planejamento durante a prova e independente do que aconteça termine a prova!

Mais uma vez, se eu lembrar de algum detalhe, eu complementarei.

Abraços!

OBS.: Eu só tenho as fotos impressas deste ano, por isso não pude colocar nenhuma no post.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Histórias do IRONMAN Parte 1 - 2004







Bom galera, estamos perto de um mês para o Ironman Brasil e isto me fez pensar muito sobre as minhas participações nesta prova.
Este é o primeiro post de 5 que escreverei contando as minhas experiências e fatos sobre a prova. Espero que o que aconteceu comigo ajude quem estiver participando pela primeira vez ou quem um dia gostaria de fazer a prova.
No ano de 2004 foi a minha primeira participação no Ironman Brasil, contudo a minha preparação iniciou 2 anos antes. A minha base aeróbia começou a ser estruturada a partir dos treinos e da participação na Maratona de Porto Alegre. A experiência que eu tinha anteriormente era somente alguns triathlons sprint, olímpicos a alguns duathlons. É isso mesmo, eu nunca tinha corrido rústicas de 10 km e muito menos uma meia maratona antes de fazer a maratona. Detalhes a parte, fiz a prova com um resultado muito acima do esperado. Naquela oportunidade o meu técnico era o meu amigo Eduardo Remião. Já em 2004 participei do meu primeiro meio ironman "hell" Pinhal, e obtive um bom resultado também.
Lembro que tínhamos um bom grupo de treinamento com vários atletas se preparando para o ironman. Fizemos diversos treinos juntos o que foi muito bom para minha primeira vez. Em algumas oportunidades fizemos treinos de transição com um ritmo muito bom, e que em um deles com o Giorgio, a Patrícia, o Zico e o Arruda, fizemos um revezamento durante os 120-130kms de pedal sem baixar o ritmo e sem falar também! Com este mesmo grupo eu me lembro de ter feito o meu primeiro 180km que foi até Alto Feliz e que aconteceu algo muito interessante. Quando estávamos lá pelo km 87-88 observamos uma descida bem acentuada. O que isso quer dizer? Fazendo a descida para fechar os 90 km, logo teríamos que subir no mesmo lugar!!! O pior treino que de corrida que fiz foi 15x1km com 200 trotando (sem parar), foi horrível, e só consegui finalizar no mesmo ritmo (4'05) porque o Giorgio começou a correr comigo lá pelo oitavo tiro...

Falando da prova. Como eu estava trabalhando a menos de um ano no sesc, não podia tirar férias para ir para a prova, já que no meu trabalho eu precisava estar bem fisicamente 100%, e como não sabia o que iria acontecer, achei que fosse uma boa idéia pelo uma semana fora. Bom, não deu, consegui sair somente na quinta e voltei na terça. Não lembro muito bem com quem eu fui, mas lembro que ficamos em uma casa que foi denominada "Big Brother Jurerê" por causa da super-lotação. Acho que o Sena, o Zico, o Alvaro, o Ricardo Nilson, o Ricardinho (talvez) estavam por lá. Fizemos todos os rituais, saímos para girar, saímos para trotar e saímos para dar uma nadada, tudo levinho só para soltar os músculos.
Equipamentos utilizados:
Natação: óculos Speedo aquablade (não recomendo para os outros porque é daqueles pequenos que se alguém te acertar corta o rosto), roupa de borracha Mormaii ( me dei de Natal em 2003).

Ciclismo: bike Trek 1200 de alumínio com o grupo Shimano 600, pedal não tinha marca, clip Trans-X (para prova curta), o par de rodas era o que tinha na bicicleta, camisa de ciclismo Diadora, bermuda de ciclismo Michelin (era uma calça que eu cortei, pois não tinha grana para comprar uma bermuda), capacete Bell, sapatilha Diadora (comprei usada por 30 reais, nos treinos tive que colar a sola e acho que não tinha palmilha), óculos falsificado da Adidas e usei meias.
Corrida: Usei um top emprestado pelo Anderson, a mesma bermuda (bah, como era para ciclismo o reforço em baixo era muito grande e atrapalhou na corrida), meias de novo, tênis nike da época (aqueles Air Zoom alguma coisa) e o mesmo óculos falsi.

O que eu me lembro da prova:
Acordamos muito cedo (isso se alguém acha que dormimos...), tomamos café (não descia nada), saímos para chegar apor volta das 5.00 na transição. A bike, como de costume, passou a noite na transição. Após pintarem os números, colocar a roupa de borracha e comer um gel (que obviamente não desceu), fomos para a largada. Já no início vi como é difícil nadar com tanta gente junto, e fui empurrado (pelo mar também) para cima de umas pedras, e o resultdo: cortei os pés em alguns mariscos. Foram duas voltas e foi tudo tranquilo a partir da primeira bóia.
Saí e fui para a transição. Fora o pé que ainda estava estava saindo sangue tudo foi de acordo com o que eu projetei. Coloquei a camisa de ciclismo, a bermuda, as meias, as sapatilhas e fui para o banheiro para o primeiro pit stop (número 1). O percurso do ciclismo era um pouco diferente do atual, mas também com duas voltas. Não lembro de ter muito vento, mas lembro de estar muito quente na segunda volta. Lembro que nesta prova foi a única vez em que eu usei as sacolas para necessidades especiais. As mesmas eram entregues no início da segunda volta. Coloquei nela mais sachês de gel, sanduíche de queijo e uma câmara reserva (ainda não sei porque!). A nutrição funcionou muito bem até o km 150, e a partir daí só ingeri água e gatorade.

Mais uma vez na transição (foi FD...descer da bike, a minha coluna lombar estava me matando!), troquei as meias, coloquei os tênis, boné da prova, e peguei alguns sachês de powergel. Fui para o segundo pit stop no banheiro (mais uma vez número 1 que desta vez estava bem escuro e em pouca quantidade, o que significa desidratação, por isso caros amigos, sempre olhem para o xixi durante a prova). A corrida foi boa até o km 6, a partir daí passei muito mal do estômago com muitas dores. Lembro do professor Eduardo Ramos, que estava acompanhando algum atleta, me perguntar se eu estava bem e que independente do que fosse acontecer eu deveria diminuir o ritmo e continuar. Eu não desistiria nunca! Nem que eu chegasse me arrastando, mas eu cruzaria aquela linha de chegada. Pelo que me lembro a maratona era uma só volta, e isso só fazia parecer que não acabaria nunca. No metade do percurso peguei a minha sacola com mais gel e segui no trote. Encontrei muita gente, conversei muito e fui seguindo pelo percurso que já apresentava uma temperatura bem mais baixa e sem sol. Logo anoiteceu e eu fui seguindo com um parceiro lá de São Paulo. Faltando uns 7 km para o fim comecei a me sentir melhor, e logo o Remião apareceu do meu lado de bicicleta para me apoiar. Foram alguns minutos somente pois a organização da prova deu um jeito de tirar ele do circuito (acompanhar atletas no percurso é proibido). Faltando 5 km para o fim eu estava enlouquecido com a possibilidade de terminar a prova. Meu primeiro IRONMAN!!!! Segundo o próprio Remião, que estava a distância, eu estava correndo em um ritmo próximo de 4'/km! Fiz uma curva, e entrei na reta que terminava no pórtico de chegada. Bom a partir daí, foi só ouvir a multidão vibrando, ver de longe as luzes no local da chegada e de repente... cheguei! Até então foram as melhores e as piores 12 horas e 12 minutos que tive dentro do esporte, mas valeu cada segundo! E obviamente, chorei mais do que uma criança que o pai não deu a bicicleta que prometeu de presente de Natal!!!

Ah, fiquei sabendo depois que o Marcelo Diniz, meu técnico, me estendeu a mão para eu bater próximo da daquela curva que eu mencionei logo acima, e eu não simplesmente não vi...claro, final de prova, estava completamente cego para qualquer coisa que não fosse a linha de chegada.

Se eu lembrar de algum outro detalhe, depois eu complemento.

Abraços!