quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ironman Western Australia 2011 - Expectativas

Em 10 dias nós estaremos mais uma vez em Busselton, no Oeste da Australia, para o Ironman Western Australia 2011. Esta será a minha segunda participação nesta prova e a minha oitava prova de ultra endurance.
A minha expectativa é uma das melhores pois apesar das lesões que tive este ano posso dizer que fui muito consistente. Com certeza eu não teria muito sucesso na tentativa de impressionar os outros contando o que eu fiz pois não foi nada excepcional. A minha visão a respeito do treinamento para um ironman, a partir do ponto que você adquire uma boa base, é treinar de forma inteligente, buscar melhorar tecnicamente e priorizar a rápida recuperação.
Para este ano o meu treinamento foi muito semelhante ao do ano passado, com algumas positivas exceções. Comecei o meu ano em fevereiro contratando uma técnica de triatlo, a Rebekah Keat do Team TBB online, e nossa relação tem sido muito positiva. Eu sigo as orientações dela, contudo, nós sempre temos a oportunidade de discutir o que é o mais adequado levando em consideração a minha opinião. Desde fevereiro tive alguns problemas com lesão, mas nunca deixei de fazer alguma coisa. Por exemplo: quando não podia correr, fazia dois treinos de bike. Cheguei a fazer 10 horas só de bike em uma semana!
Outra coisa que eu fiz foi competir mais. Fiz quatro triatlos olímpicos, um meio ironman,um ironman (challenge) e uma meia maratona. Eu fiz a maioria destas provas com o objetivo de treinar e testar táticas e equipamentos. Nunca escondi de ninguém que o meu objetivo maior é Busselton, mas fiz todas as outras provas de maneira competitiva.
O período de treinamento que fui submetido na preparação desta prova serão no total de 25 semanas (estou contando a partir de uma semana após o Challenge Cairns quando fiz uma semana leve pós prova), e a média semanal de horas treinadas foi aproximadamente de 14 horas. Ano passado eu fiz 21 semanas e 10 horas de média.
O que eu espero desta prova?
Eu espero fazer uma prova consistente e bater o meu recorde pessoal de 10h42min. Eu e a minha técnica sabemos o que é possível realizar, e por enquanto, os detalhes (parciais, objetivos, táticas, etc), irão continuar pertencendo às pessoas relevantes ao assunto.
Só sei que eu estou me sentindo bem, feliz, grato e preparado para tudo que possa acontecer.

Não sei se teremos internet disponível (baixo custo) em Busselton, mas vou tentar manter o blog atualizado com mais informações.
Grande abraço!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Como são os meus treinos

Neste tempo em que estamos vivendo aqui na Austrália eu tenho bastante tempo para me informar a respeito de treinamento no triatlo entre outras coisas relevantes e um pouco de cultura inútil. Eu tenho lido muitos especialistas falando a respeito do treinamento de triatlo para longa distância e posso dizer que existe um consenso onde a qualidade deve ser priorizada e o volume reduzido. É importante frisar que a diminuição do volume ou antes de ingressar em um treinamento baseado no minimalismo, muitos fatores devem ser observados cuidadosamente. O perfil do atleta é um dos fatores que deve ser analisado para que a prescrição seja adequada considerando a experiência e os objetivos do mesmo.
Quando se trata de um atleta com um pouco mais de experiência treinando para uma prova de ironman, eu não consigo entender como algum técnico ainda prescreve um treino de 180km, pois se a base já está construída e não é a primeira experiência do atleta nesta distância, porque submete-lo à todo este estresse??? Bom, esta é a minha opinião, cada um faz o que quer e o que acha que é adequado, contudo, eu ainda acho que vale a seguinte reflexão: Se eu fizer (atleta) ou prescrever (técnico) menos volume qual será o resultado final? Será que se meu atleta fizer menos volume e com mais qualidade (mais específico) ele/ela vai se sentir menos estresse mental e fazer uma prova melhor? Todos somos diferentes e precisamos de treinos diferentes, e com isso, alguns sim, precisarão de 180km na bike e outros não. O mesmo acontece com a intensidade nos longos.
Porque muita (mas muita) gente faz os treinos de fundo no ritmo de prova?? Será que eles/elas sabem para que serve o treino longo? Será que o técnico sabe porque está prescrevendo o treino longo? Mais uma vez, todos são diferentes, mas treino aeróbio, continua sendo treino aeróbio.
Depois de ler tantos blogs, sites e revistas resolvi dividir uma semana dos meus treinos com vocês. Não costumo fazer isso, pois acredito que o treino deve ser estritamente específico e com certeza não serve de modelo para ninguém. Como eu recebo meus treinos da minha técnica Rebekah Keat pelo Team TBB, eu vou descrever os treinos de uma forma bem superficial para evitar problemas.
A semana que eu descreverei é esta em que estamos (14/11 a 20/11), e a prova alvo será em duas semanas, o Ironman WA.

Segunda-feira:
-Natação: 3,000m, com série uma série de 100m no ritmo de prova.
-Corrida: 46min, regenerativo com 20min de fartlek no meio.
Terça-feira:
-Ciclismo: 1 hora, regenerativo com 20min de fartlek no meio.
Quarta-feira:
-Transição: ciclismo 1hora e 30min, com 30min em ritmo mais forte que na prova no meio e corrida 30min com alguns tiros anaeróbios.
-Natação: 2,800, regenerativo com uma série leve de 400m.
Quinta-feira:
-Ciclismo: 1 hora e 15min, com série curta de força.
Sexta-feira:
-Corrida: 1 hora e 45min, longo com os últimos 20min no ritmo de prova.
-Ciclismo: 1 hora regenerativo (fácil).
Sábado:
-Ciclismo: 2 horas e 30min, com alguns tiros de 5min acima do ritmo de prova.
-Natação: 2,000, regenerativo com alguns tiros curtos de perna.
Domingo:
-DESCANSO!!!!!!

Em breve mando mais notícias sobre parte final de preparação para o Ironman WA.

Abraço!!!


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

70.3 Port Macquaire 2011



Muitas coisas aconteceram desde a semana passada para nós pudessemos estar em Port Macquarie, Nova Gales do Sul para o meio ironman (70.3). Durante o retorno do Noosa Triathlon na semana passada nosso carro começou com alguns barulhos no cambio e após uma visita ao mecanico fomos alertados a não usar o carro para viagens longas. Na sexta-feira depois de tentar pedir algum carro emprestado, tivemos que alugar um. Não foi tão caro e alugamos um mais potente e confortável que o nosso. Para viajar quase 600km teria que ser muito confortável, e foi. Saímos na sexta-feira às 3 da tarde pois a Ni tinha trabalho até às 2. A viagem foi longa, pegamos engarrafamento logo na saída para Gold Coast, e conseguimos chegar no hotel em Port Mac a 1 da manhã (no estado de NSW eles tem horário de verão, então perdemos uma hora de sono na ida).
No sábado tomamos café, peguei o kit de prova e organizei o material para deixar a bike no mesmo dia. Uma coisa que eu estou me aperfeiçoando é usar cada vez menos equipamentos durante as provas, e isso me ajuda principalmente nas transições, que tem sido feitas muito rapidamente.
A prova:
O dia estava muito limpo e com um vento fraco mas constante as 6 da manhã. A largada dos prós foi cinco minutos antes da nossa, às 6.30. A água estava com 21.3º e a roupa de borracha era opcional. Eram mais ou menos uns 700 amadores alinhados dentro da água para a o início da prova. Não tive muitos problemas com o "bate-bate" da natação, apesar de ter participado somente de provas com largadas por bateria nos últimos meses. A visibilidade das bóias não estava muito boa mas como era um circuito relativamente reto de ida e volta, não tive nenhuma dificuldade em me manter no trajeto. Quando finalizei a natação olhei para o relógio estava lá o que eu estive procurando por alguns meses: nadar para 30 minutos os 1900m, e foi o que eu consegui fazer. melhor natação de todas. Fiz uma transição limpa e rápida. Saí para o pedal sem conhecer o trajeto, mas sabia que tinham diversas subidas. Tinha uma parte que era só sobe desce e quando cheguei em uma parte plana (bem curta, tipo menos de 10km), me sentia cansado e sem força na pernas. Foram diversas subidas e descidas até chegar em uma "parede" onde eu coloquei uma das marchas mais leves e a bike quase parou! Fiquei com dor nas mãos de tanto puxar a guidão para ter mais força, e quando cheguei lá em cima eu me sentia exausto! Pensei em desistir várias vezes pois eu sabia que aquele não era um pedal que eu estava proposto a fazer e que parecia que eu não iria me recuperar na segunda volta. Pensei muito em desistir mesmo, mas o que me fez continuar foi o medo. Medo de ter que enfrentar a minha esposa que dirigiu por quase 9 horas após trabalhar o dia inteiro para estarmos ali. Eu acreditei que o que poderia acontecer comigo poderia ser pior do que aceitar o fato que eu não estava pedalando bem por alguma razão. Sendo assim continuei, pois a prova não acaba no ciclismo. Fiz outra transição rápida (uns 12 segundos mais lento que a primeira pois tive que colocar as meias para correr). Apesar de não ter muita força para pedalar, a minha corrida começou relativamente confortável e aos poucos comecei a impor meu ritmo. Assim como o circuito do pedal, o trajeto da corrida tinha pouquíssimas parates planas. Era uma parte do trajeto do ciclismo com muitas lombas. Foi uma corrida muito dura, e com certeza, a mais dura que eu já fiz até então. Fui muito cuidadoso ao dosar a intensidade durante as subidas e isso me ajudou a progressivamente aumentar o ritmo do início até o fim. Fiquei muito feliz por ter terminado esta prova e mesmo não batendo meu recorde pessoal, o tempo final foi satisfatório. Eu acho que o fato de não pedalar o que eu esperava foi muito mais dolorido no meu ego do que em outra parte do meu corpo e o fato de ter que administrar este sentimento em um trajeto de corrida muito duro, foi uma experiência excelente para aumentar a minha resistência mental. Me sinto muito mais forte mentalmente agora.
Eu já analisei e encontrei os porques de eu não ter pedalado bem naquela prova e na próxima vez eu sei exatamente o que fazer e o que não fazer.
Em menos um mês teremos mais uma prova, o Ironman Busselton, que é o meu objetivo deste ano e estou certo que será a minha melhor prova de todas.







Grande abraço!