quarta-feira, 5 de maio de 2010

Histórias do IRONMAN Parte 2 - 2005

Bueno, eu realmente comecei a entender um pouco mais a respeito do Ironman e suas "variáveis", a partir da segunda prova...
Porque eu estou escrevendo isto? Porque independente do treino que foi realizado e do equipamento existem outros fatores que interferem e fazem do triathlon um esporte magnífico e cheio de surpresas.
Minha segunda participação no Ironman em Florianópolis, como se esperava, foi construída baseada na prova anterior. A base estava maior e a experiência havia saído do zero. Os treinos foram melhores (com o mesmo grupo de 2004) e cada vez mais eu me sentia mais confiante que poderia fazer uma prova melhor e já começava a pensar no tempo em que eu poderia realizar o percurso. Somente o que me tirava realmente do sério foram os problemas com a bike. Eu nunca tinha trocado tantas câmaras devido a quantidade de vezes em que eu furei os pneus. Mas, vendo pelo lado positivo, se eu furasse na prova, eu teria uma prática absurda. O mais interessante foram alguns "colegas" que pedalavam no mesmo trajeto e às vezes com a gente que tiravam onda quando eu parava para trocar a câmara, e tiveram problemas na prova...mas eu só tive problemas nos treinos!
Como eu já tinha mais de um ano de trabalho na empresa em que trabalhava, eu decidi esperar e projetei as minhas férias para o mês da prova. Isso mesmo, eu trabalhei direto mais de 1 ano e meio só para poder tirar as férias no período da prova.
Desta vez, fui com o Zico e nos hospedamos em uma pousada onde estava a triathleta Carla Moreno. Perto do local da prova, acomodações muito boas e o preço bem acessível. O ponto negativo foi a ausência da minha namorada na época, e que hoje é a minha esposa. Foi a primeira e última vez que fiz um Ironman sem ela por perto...
Na época eu era treinado pelo técnico e amigo Eduardo Remião.
Seguimos todos os rituais: nadamos, pedalamos e corremos, mas tudo levinho.

Equipamentos:
Natação - mesma roupa de borracha da Mormaii (agora com um pequeno furo no lugar da axila), o mesmo óculos Aquablade. Por baixo da roupa: top verde da Ironman, bermuda da marca do Roberto Lemos, Ironmind (preta e bem curtinha).
Ciclismo - Troquei a Trek 1200 por uma Aerotec com o quadro de alumínio, grupo Shimano 105, clip Profile que segundo o Thiaguinho: "Mas parece um sofá este clip!" (parecia mesmo), e acho que o pedal era o mesmo, usei uma sapatilha de ciclismo da Adidas (pesada e desconfortável), óculos Kuota comprados com o Karan, mais uma vez usei meias, e finalmente usei uma camisa de ciclismo GB por cima do top para poder levar a comida.
Corrida - Top, bermuda e óculos citados acima, tênis Nike Pegasus com meias, boné da prova.

A prova:
Natação foi tranquila apesar de ter saído bem no meio da galera. Muitos reclamaram que apanharam muito neste ano, mas eu achei tranquilo.
Transição sem problemas e fui para o pedal. A partir daqui vocês vão entender porque eu escrevi aquilo lá no início do texto. O Ironman é uma prova como a maioria das provas de triathlon: é disputada ou realizada ao ar livre. Por isso, muito mais do que treinar o físico, nós precisamos treinar a mente para suportar condições desfavoráveis. No caso de 2005, o ciclismo foi o maior desafio pois o vento contra estava forte no retorno para Jurerê. O que isto quer dizer? Que dos 45km para os 90km e depois dos 135km para os 180km foram com vento contra! A partir daí a mente começa trabalhar não somente para tentar controlar os impulsos de tentar entrar no ritmo mesmo com o vento, mas para re-organizar tudo para chegar no final da prova. Foi a partir desta prova que toda vez que eu planejo uma prova do Ironman eu tenho sempre três planos: Plano A - Fazer um tempo que me surpreenda, Plano B - Fazer o tempo planejado e Plano C - Chegar!
Fiz a segunda transição sem problemas e segui para a maratona. Não sei porque eu tive a "brilhante" idéia de não trocar as meias que usei no ciclismo para sair para correr...e outra, o tênis era meio número menor do que deveria para aquele modelo. Bom, quando eu estava por volta do km 15, eu comecei a sentir uma ardência no meu calcanhar esquerdo. Ah, eu já ia me esquecendo de citar que as meias eram daquelas bem curtinhas...Como as meias estavam molhadas (água, gatorade, suor, urina...) com a corrida elas começaram a entrar para dentro do tênis e assim com o pé descoberto fiz uma "magnífica" e dolorida bolha! Como eu não conseguiria correr até o final daquele jeito com a bolha me incomodando, eu parei sentei na calçada e puxei a meia até cobrir o calcanhar. Por alguns instantes funcionou, mas para cobrir o calcanhar os dedos foram esmagados, e o resultado final foi o seguinte: as bolhas (já nos dois calcanhares) incomodaram o resto da prova, estourei as duas unhas dos dedões (ficaram cheias de sangue por baixo) e mais ou menos uns três meses depois, elas caíram!
A corrida, apesar de tudo, foi a melhor das minhas cinco tentativas. Tive a consistência necessária para fazer uma boa corrida e finalizei baixando mais ou menos 30 minutos da primeira prova. Desta vez terminei chorando, mas o motivo não era só a emoção de terminar mais uma prova, mas sim a dor que eu estava sentindo no corpo (mais nas coxas) era incrivelmente absurda!!! Acredito que esta prova foi a mais fd...de todas! E foi assim para muita gente boa. O Galindez passou mal e até xingou o meu amigo Zico. O Alexandre Ribeiro que já teve uns dos melhores tempos de um brasileiro no mundial do Hawaii, se não o melhor, caminhou na prova.
As lições que ficaram foram as seguintes: Se prepare adequadamente para a prova, saiba que o clima sempre poderá influenciar, esteja preparado para mudar o planejamento durante a prova e independente do que aconteça termine a prova!

Mais uma vez, se eu lembrar de algum detalhe, eu complementarei.

Abraços!

OBS.: Eu só tenho as fotos impressas deste ano, por isso não pude colocar nenhuma no post.

2 comentários:

Evânder Run-up "o atleta dos degraus do Brasil" 1º Especialista em corrida vertical do Brasil(desde o ano 2000) disse...

Bem legal o relato Emerson! É Isso ai, que garra e superação para chegar ao final...parabéns!

Lucas Helal disse...

Fala aí tchê.
Esse é meu blog, reativei ele hoje.
Tou acompanhando o teu.
Abração!