sábado, 27 de março de 2010

Re-adaptando...


Para aqueles que já viveram ou simplesmente passaram algum tempo fora do Brasil, ou até do estado sabem que as coisas ao redor sempre mudam, ou pelo menos a nossa percepção se torna diferente. Estou a duas semanas em POA e estou passando por este processo de re-adaptação "ao meio". Não sou o tipo de pessoa que acha que tudo fora do Brasil é melhor e por aqui é nada funciona, principalmente pelo fato de ter vivenciado situações em que se fosse no Brasil, digo em POA, funcionaria diferente, melhor. Contudo, existiram diversas situações que o processo e o desfecho foram positivos no exterior, em alguns casos melhores, em outros apenas diferentes.
Falando do nosso esporte o triathlon, fiquei bem chateado pela não evolução do esporte aqui no estado. Como assim??? Bem, vamos por partes:
-Vejo apenas como ponto positivo as novas faces no esporte gaúcho com atletas desbravando as distâncias e os horizontes.
-Vi que as competições longas (meio ironman), estão em plena evolução, e seguem a tendência mundial no aumento de participações. A propósito, estou escrevendo isto me baseando no número de provas e atletas inscritos nas competições do Uruguay e Argentina, pois se eu fosse falar da nossa prova de longa distância eu provavelmente teria poucas coisas para falar e a maiorias delas seriam negativas. O que percebi de positiva foi a disposição de participar de uma prova que, na minha humilde opinião, está falida! Não existe um mínimo de profissionalismo da organização que além de insistir em um horário de largada péssimo para os atletas, demora uma semana para publicar os resultados oficiais. Além disso, a falta de comprometimento e de profissionalismo para com os atletas está tornando esta prova cada vez menos atrativa. Para que não entende nada de gerenciamento de eventos e desenvolvimento de esportes observar que em cada ano existem menos atletas interessados na prova deveria ter levado alguém a ter alguma reflexão, ou pelo menos perguntar o seguinte: "Porque os atletas estão priorizando competições em que o custo será maior ao invés de competir no estado?".
Não sou político, não tenho influência alguma em nenhum órgão esportivo, mas fico muito chateado com tudo que está aocntecendo, e ainda querem falar de "Projeto 2016"!!! Nunca fizeram nada para renovar, e na prova de Pinhal quando a elite feminina que tinha somente uma atleta...Alguém sabe porque? Quando ficam insistindo em Juraci e cia, e nem tem um plano buscando uma real renovação de gestão esportiva... Nunca vi uma competição ser tão ridícula quanto aquele tal de "Fast Triatlo", que mostra os "melhores" atletas do Brasil competindo contra quase aposentados ou juniores de países sem nenhuma expressão, e ainda são exaltados...fala sério...se alguém acha ou acredita que uma vitória nesta prova significa algo além de mostrar o triathlon em quantidades homeopáticas, por favor se manifeste! Isso é o que temos e ponto! Não tem essa de locutor da tv ficar valorizando o resultado...ele deveria valorizar o esforço dos atletas que estão lá lutando por um espaço no país do futebol!!! Depois, quando não tivermos nenhum atleta classificado para os jogos olímpicos, todos vão jogar lixo em cima, não é?
Fala sério! Eu sempre vou valorizar os resultados do Brasil na competições pois sou brasileiro, e não iria torcer para outro país, contudo já se foi o tempo de ficar feliz com a participação em Olimpíada, eu realmente quero ver o Brasil melhor, disputando pódio. Há quanto tempo o triathlon virou esporte olímpico? O que foi feito desde Sydney, 2000? No que o Brasil evoluiu? Quais foram as estruturas que foram criadas para tornar o Brasil melhor? Existe algum projeto de base que tenha como objetivo a renovação? Porque não existe nenhum convênio com empresas de equipamentos esportivos?
Bom, apesar disso tudo vi que os meus parceiros de treinos continuam firmes e treinando constantemente, apesar das péssimas condições de trânsito, i.e. falta de respeito dos motoristas. Todos bem, todos com objetivos, todos evoluindo.
Para finalizar, eu gostaria de sugerir para todos que leem este blog, e são triatletas: Tenham objetivos, façam provas fora, não levem tão a sério, se divirtam mais nos treinos e nas provas, e se tiver que ficar sem treinar por algum motivo (lesão ou preguiça) não se estressem pois tudo é passageiro e no outro dia tudo será diferente, e melhor!!!

Abraços!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Um longo caminho até POA...

Saímos de casa para pegar o trem até o aeroporto internacional, na quinta-feira à tarde. Como nosso voo era às 20.30, saímos às 16.20 de casa para garantir, e antecipar o check-in. Como tínhamos várias coisas para ajeitar em casa (malas, presentes, etc), não pegamos dinheiro para pagar o trem e isto nos causou um mega estresse. Caminhamos por volta de 900 metros até a estação mais próxima, a Park Road, mas apesar de perto, carregando quatro malas em um trajeto com subidas e descidas foi bem complicado. Chegando lá tentamos comprar os tickets com cartão e eles não aceitaram, pois somente poderíamos pagar com dinheiro. Tentamos carregar nossos cartões de transporte público e a máquina não aceitou o cartão... Bom, tive sair da estação e procurar um caixa eletrônico. O problema foi que no local da estação não havia sequer um...corri,corri e achei um hospital, o Princess Alexandra, e após subir cinco lances de escada, atravessar uma passarela, consegui encontar um caixa no hall do hospital. Até aí a Niara que estava apavorada com a idéia de perdermos o trem e nos atrasarmos muito para o check-in, já tinha me ligado duas vezes. Quando comecei a voltar ela me liga de novo e diz: "Tu tens que chegar aqui em 10 minutos, se não vamos perder o trem! - Bom, eu levei uns 18 minutos para chegar no lugar, então comecei a correr. Daqui a pouco ela me liga de novo: "Onde tu tá? - e eu: "Tu não disse para eu correr? Eu tô correndo! Mas eu não consigo correr e ficar atendendo o telefone!!! Desliguei e acelerei para chegar a tempo. Consegui um atalho e cheguei com alguma sobra de tempo e hiperventilando! Mas cheguei!
Pegamos o trem e demoramos mais ou menos uma meia hora até o aeroporto.
Fizemos nosso check-in, e esperamos nosso voo até Dubai. Quase 14 horas depois, chegamos em Dubai que estava "bombando", nunca havíamos visto tanta gente lá! Acho que na ida para Brisbane era de madrugada por isto não tinha tanta gente. Passeamos pelo Duty Free, fizemos um lanche bem saudável às 7.30, hamburger, fritas, refri e um muffin de chocolate! Eu estava louco de fome e a espera para o outro voo seria de 5 horas.
Bom, apos a longa espera entramos na sala de embarque e o idioma que ouvimos todos os dias por quase dez meses foi substituído por um mais comum para os nossos ouvido: o português. Tinham vários brasileiros no voo para Guarulhos.
Mais 14 horas de voo e chegamos ao caos!!! Não tô falando do Brasil! Tô falando de Guarulhos! Balcão da TAM com fila única e completamente lotado!!! Desorganização plena! Se eu fosse uma pessoa que acreditasse que a desordem impera em algum lugar, o balcão da TAM seria o primeiro lugar que eu pensaria! Nos chamaram no meio da fila pois o voo estava sendo fechado, e o pateta do atendente demorou mais de 5 minutos para ler os nomes no passaporte e verificar os tickets, e o resultado: Fecharam o voo, e o pateta não consegui lançar as passagens! Bom, após algumas verificações, mandaram abrir o voo e conseguimos correr para o embarque! Ufa, era só que faltava ficar em Guarulhos depois de quase dois dias viajando!
Voo tranquilo, assim como todos que tivemos desde Brisbane. Claro que tivemos algumas turbulências, mas nada muito forte. Durante o percurso passamos por cima da Australia, India, Oceano Índico (aqui tivemos as maiores turbulências) Oriente Médio (Deserto do Saara, Mar Vermelho), Africa, e quase 7 horas sobre o Oceano Atlântico.
Fora o sono e o cansaço não tivemos nenhum problema adicional com o jet leg, e ainda nos adaptamos muito rapidamente ao novo fuso. Eu fiquei com os tornozelos um pouco inchados, mas em algumas horas retornou ao normal.
Apesar de longa a jornada foi válida pois além de poder ver a minha família depois de quase um ano, pude participar de um momento muito especial na vida de um casal de amigos. Como participei de forma decisiva no início de tudo, nos sentimos muito felizes de participar do casamento deles!
Bom, assim como escrevi no meu orkut: Em POA, mas não por muito tempo!

Abraços!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Porque o triathlon dá resultado na Austrália?


Estou morando a mais ou menos 10 meses aqui na Austrália, mais precisamente na capital do estado de Queensland, Brisbane.
Pratico triathlon desde 1999, e agora estou tendo a oportunidade de conhecer um pouco mais a respeito do triathlon por aqui.
Fui filiado à FGTri e CBTri por pelo menos 5 anos, e desisti pois eu tinha alguns conceitos de como as coisas deveriam funcionar. Eu diria opiniões diferentes, e acredito que quando isto acontece, na minha opinião, ou insisto para ver no que vai dar defendendo a minha opinião me baseando em fatos, ou me retiro. Foi o que fiz, me retirei.
Não tenho como objetivo mostrar: "Ó como tudo funciona bem na Australia e no Brasil é uma merda"- pois o meu principal foco é tentar levar as pessoas a uma reflexão, e não depreciar o nosso país, por acreditar que muitas coisas funcionam melhor por aí!
Vamos aos fatos:
-A Austrália tem como população aproximadamente 20 milhões de pessoas.
-O triathlon não é o esporte preferido pelos australianos, pois vem depois de: Cricket, Rugby, AFL (um tipo de futebol), Netball (basquete sem tabela jogado por mulheres), Surfe, Natação.
-Os atletas de triathlon, amadores e profissionais pagam quantias maiores para competir internamente.
-Roupas de triathlon são caras por aqui. Por exemplo: um short de triathlon da 2XU (marca favorita por aqui) custa AU$ 100.00, o que dá uns R$ 165,00.
-Para treinar em alguma equipe o custo é de pelo menos AU$ 200.00 (sem a taxa de piscina que é uns AU$ 5.00 por treino).
-Existem projetos estaduais e federais muito fortes para o desenvolvimento de atletas, contudo, não são custeadas todas as despesas. Destes projetos saíram: Emma Moffat (atual campeão mundial na elite da ITU), Courtney Atkinson (ITU), Brad Kahlefeld (ITU) e por aí vai...
-Qualque serviço na bike custa pelo menos AU$ 30-50.00
-O valor de filiação é uma facada: AU$ 120.00! Mas, para treinar e competir e eu ainda recebo um seguro contra acidentes e morte! Bom né?
-As provas locais são um pouco pobres...a água é da torneira (temperatura ambiente), após a prova as frutas são normalmente melancia e laranja e a mesma água! Nenhum brinde é dado, e nem mesmo medalhas de "finisher". Se quiser algum souvenir da prova, tem que comprar!

Existe muitos outros fatores sócio-econômicos envolvidos, mas eu vou citar alguns motivos de porque eu acredito que as coisas funcionam por aqui:
-Cultura do exercício físico. O lugar onde eu nado é uma escola de ensino médio e fundamental, e por diversas vezes pude presenciar a Educação Física das crianças. Elas fizeram transição, circuito, e até mini triathlons! Eu não estou falando de adolescentes, estou falando de crianças de 8 anos!
-Fiz um curso sobre o envolvimento das crianças nos esportes e o foco deles é diversão! O mais importante para as crianças é tornar o ambiente seguro e divertido!
-A especialização no esporte ou na modalidade vem perto dos 18 anos!
-Como trabalho como árbitro de triathlon para o Triathlon Australia, tive a oportunidade de arbitrar por duas vezes em competições do circuito da Gatorade que tem categorias a partir dos 7 anos! Na última prova em Raby Bay, tinham mais de 50 crianças, que eles denominam a categoria como "Kool Kids"! Para os que acham que aquelas as crianças tinham equipamentos de primeira linha, estão equivocados! Tinham bicicletas normais de crianças,aquelas bem pequenas coloridas!
-Em cada prova que eu trabalhei ou que eu competi pelo menos tinham 300 inscritos. E a que tinha mais foi a tradicional prova de Noosa (tem até um tênis da Asics feito especialmente para homenagear o evento), com aproximadamente 4 mil atletas!
-Existem circuitos independentes (Gatorade, Bribie Island) e eventos com distâncias mais curtas que o sprint triathlon.

Estou longe de chegar à alguma conclusão de porque o triathlon funciona por aqui, mas tenho algumas suspeitas:
-Todos adoram atividades ao ar livre.
-Saber nadar por aqui é regra básica para todos.
-O ciclismo é amplamente utilizado como meio de transporte, o que leva a população respeitar um pouco mais os ciclistas (mais que no Brasil e menos do que na Europa).
-As aulas de Educação Física focam no conhecimento técnico a repeito do desporto, não só na prática (vi umas meninas montando as bikes no rolo para aula, e a professora ensinando como fazer).
-É um meio das pessoas fazerem exercício com algum foco (prova) e se manteram saudáveis.
-As instituições como o Triathlon Australia e Triathlon Queensland tem uma séria atitude no que diz respeito à segurança dos atletas. A comunicação com estas instituições é aberta e a gerente responsável oferece o email e o número do telefone celular para que possamos sugerir, reclamar ou agradecer. O foco deles é no desenvolvimento do esporte, respeitar as necessidades dos atletas e proporcionar o melhor para todos, independente se são de elite ou iniciantes.

Ah, eu tinha me esquecido de um detalhe importantíssimo: os projetos de desenvolvimento do triathlon são consistentes e contínuos, e mudam de acordo com os objetivos. Os projetos existem para atender uma demanda da sociedade e tornar as pessoas envolvidas com o esporte, e não restrita ao esporte, sendo o esporte um meio de estabelecer os indivíduos como cidadãos. Não funciona somente para existir de acordo com uma necessidade emergencial. Por exemplo, preparar os atletas para uma olimpíada em 6 anos. Às vezes as boas intenções não remediam uma situação de cunho muito mais profundo dentro de uma sociedade...

Gostaria muito de receber a opinião de todos a respeito destes assuntos abordados.

Grande abraço!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Nova na família


Esta é a mais nova integrante da nossa família. Ela é inglesa e muito conhecida na Europa, onde vários atletas de elite a utilizam como equipamento.
Com uma relação de custo-benefício excelente esta nova integrante será extremamente importante na realização dos próximos objetivos, que serão: Gold Coast Half Ironman no dia 03 de outubro e Western Australia Ironman em dezembro.
Seja bem vinda!

Tsunami!!!

Após saber de toda merda (desculpa aí!, mas foi mesmo) que deu lá no Chile, enfrentamos uma possibilidade de tsunami aqui na costa leste da Australia, nos estados de New South Wales e Queensland, onde vivo atualmente.
Neste mesmo dia eu estava escalado para trabalhar em um triathlon com árbitro, mas ainda bem que era em uma baía.
Como a transição abria às 5.15, tive que acordar as 3.45...ahh...da manhã, é claro! Chegamos no evento em Raby Bay, que fica há uns 40 km de Brisbane (capital de Queensland), um pouco antes das 5.00. Às 5.00 me apresentei e às 5.15 começamos no batente. Primeiro revisar visualmente as bikes e capacetes, e depois era só controlar o fluxo. Foram mais de 800 atletas para fazer uma prova menor que um sprint...Bom, o trabalho pegando, rejeitando bikes com o guidão sem o plug, ajustando os capacetes da tigrada, proibindo a entrada de pessoas que não iriam competir, e por aí vai...Eis que chega a notícia: Alarme de Tsunami! A partir das 8.00 não haverá mais natação. Isto é só os iniciantes, as crianças e os profissionais iriam largar! Daí o real tsumani começou...era gente desinformada perguntado de tudo: Não vai mais ter natação? Vai ser duatlo? Qual é a distância? Que horas? Com a função da troca para duatlo, todo mundo teve que voltar para pegar os tênis...e pior tinha gente que depois de mais de uma hora do aviso do cancelamento da natação ainda não tinha idéia do que iria acontecer!!!
Neste meio tempo, olha o que acontece. Você já ouviu falar do triatleta Courtney Atkinson? Pois é, ele é um dos australianos que correm as provas da ITU atualmente. No meio da confusão o cara veio me perguntar se ele poderia emprestar o capacete dele para um amigo correr a prova, sendo que ele usaria primeiro. Bom, para fazer o check-in precisa ter o capacete, e a transição fechava na mesma hora para os prós e para os amadores...contudo quando eu estava explicando isso para ele com o meu inglês super devagar, caiu a ficha e ele desistiu! Tá de sacanagem! O cara é pró da ITU e não sabe? Fala sério!
Bom após me estressar bastante com a árbitra responsável, cozinhar no sol, passar fome, sede e ajudar na coordenação da área de transição, após 5 horas e 30 minutos de atividade...acabou a prova! Primeira coisa que fiz foi encontrar a minha esposa e tomar uma bela e deliciosa Coca-Cola!
Abraço!