domingo, 4 de outubro de 2009

Aprendizado


Nos últimos anos aprendi algumas coisas sobre o treinamento de triathlon lendo bastante (livros, revistas especilializadas), ouvindo os mais experientes, mas principalmente como as coisas funcionam comigo. É claro que quando alguma informação vem baseada em uma pesquisa séria e fundamentada em conceitos teóricos já comprovados, acaba tem um peso maior quando tomamos alguma decisão com relação à execução do treinamento. O que eu estou tentando dizer é que mesmo sabendo que existe alguma comprovação científica séria nós tendemos a creer que poderá funcionar com a gente. Sim, eu acredito nisso, e não, eu não acredito nisso!? Vou explicar.
Biologicamente temos o privilégio de sermos únicos, e no que diz respeito a teoria do treinamento físico, existe um princípio chamado "Individualidade Biológica" e que define que a resposta ao exercício pode ser diferente apesar de algumas semelhanças inter-individuais (não sei se existe esta palavra...). Em outras palavras, o que funciona contigo pode não funcionar com o teu colega de treino e vice-versa, ou não, ou sim!!!
Dentro desta proposta de "individualidade biológica", eu baseio a minha compreensão dos resultados obtidos nos treinos e nas provas. E uma das coisas que comprovei, principalmente, desde 2007, é que para mim, na maioria das vezes, não importa o que eu fiz ou realizei no treino, e sim como eu fiz, como eu me senti.
Mencionei 2007 porque foi o ano em que eu deixei de fazer o que percebia ser algo que não contribuiria para os meus objetivos. Por exemplo: todos os domingos tínhamos um treino de ciclismo longo saindo do posto do Laçador em que iam vários triatletas de diversas características e níveis de performance. Antes de dizer, no meu ponto de vista, o que acontecia, vou dizer o que eu entendo sobre treinos longos. Os treinos longos servem de base fisiológica e psicológica para melhorar a nossa capacidade de suportar a execução do exercício por um longo período de tempo. Como deve ser feito? Segundo vários técnicos de nível internacional, este treino deve ser realizado abaixo do ritmo de competição, por volta de 70%HRR (percentual da frequência cardíaca de reserva). Porque não deve ser feito acima deste percentual ou em ritmo de competição? Porque a longo prazo pode comprometer os outros treinos, pode causar overtraining (excesso de treino) e "minar" psicologimente.
E o que acontecia nos treinos de domingo? Como tinham alguns com o condicionamento melhor, todos tentavam andar no ritmo deles, e por isso sempre estava acima das minhas expectativas. Bem, não estou escrevendo isto por que sobrei várias vezes do pelotão, e sim porque em várias oportunidades preferi sobrar e tentar fazer o meu ritmo do que tentar fazer o ritmo dos outros. Não estou condenando o treino em pelotão, estou apenas dizendo que com o tempo cada um encontra a forma mais adequada para si mesmo no treinamento, e que esta forma pode ser treinando em pelotão, porque não?
Aqui na Australia existem diversos grupos de triathlon, e posso citar uma equipe que desenvolve os treinamentos de uma forma bem interessante. O nome da equipe é "Brisbane Triathlon Squad" (eles tem site, blog e tudo mais), e eles fazem todos os treinos baseados no nível de performance dos atletas, dividindo-os em três grupos, iniciante, intermediário e avançado. Por exemplo, para a formação dos grupos nos treino de ciclismo é previamente executado um teste de "time-trial" (contra-relógio) de 20 km e de acorco com o tempo obtido os atletas são classificados em um dos grupos citados acima. Sendo assim, mesmo com algumas diferenças, os atletas tem a oportunidade de treinar com um grupo de características semelhantes, o ritmo do treino é previamente estabelecido pelo técnico e ficam outros integrantes da comissão técnica em cada grupo para garantir a execução adequada do ritmo proposto. Ah, os testes são repetidos a cada três meses, se não me falha a memória.

Abraços!

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