sábado, 10 de dezembro de 2011

Ironman Western Australia 2011 - Dor de garganta e bolhas nos pés

Não vou escrever que a minha participação no Ironman do Oeste da Austrália foi boa ou ruim, apenas vou descrever como duas situações podem fazer com que os planos mudem: dor de garganta e bolhas nos pés.
Fizemos nossa viagem na terça-feira, na semana da prova, e foi tudo bem tranquilo. Chegamos em Perth, capital do estado no início da tarde, e logo fomos para o hotel onde passaríamos a noite, e no outro dia teríamos a viagem (3 horas de ônibus) para a cidade onde é realizada a prova: Busselton. Entre a tarde e a manhã da viagem tive tempo de dar duas corridas: uma com a Niara e outra sozinho (sem relógio).
No outro dia encontramos todo o pessoal (viajamos com um grupo), e depois do café embarcamos para Busselton. Viagem tranquila e logo estávamos nos organizando em um ótimo apartamento no Abbey resort. Ótimas instalações com banheira de hidromassagem, sacada, ar condicionado, bela cama, e o mais importante na nossa opinião: uma cozinha completa!!! Assim podemos fazer as principais refeições em casa!
Resumindo a história. Fiz alguns treinos, descansei bastante, arrumei meus equipamentos, levei a bike para a transição e chegou a noite antes da prova. Antes de contar como foi a minha noite e a prova, gostaria de mencionar que TUDO em relação ao clima estava diferente. Ano passado de manhã cedo estava 8-10 graus de temperatura, este ano: 20-22 graus. Ano passado sem vento, este ano: ventava muito! Ano passado o mar estava uma lagoa, este ano: mexido, muito mexido.
Continuando...na noite anterior a prova estava tudo tranquilo, me alimentei bem, e estava me sentindo muito confiante. Como eu nunca consigo dormir bem antes de uma prova de Ironman, fiz o que eu normalmente faço, assiti teve até umas 10 da noite e fui para cama. Consegui cochilar até a 1 da manhã e quando eu acordei, não conseguia engolir saliva sem sentir a garganta doer. Me bateu o desespero pois passou pela minha cabeça não largar!!! Alguns minutos depois comecei a pensar que mesmo com dor de garganta e sem nenhum outro sintoma eu poderia fazer a prova. Tentei dormir de novo, e depois de uma hora estava bem desperto. Como a largada é foi as 5.45am, a Niara acordou as 2.15 e logo eu já estava de pé. A dor estava um pouco menor mas mesmo assim qualquer coisa que eu comia ou bebia doía para engolir.
Fomos para transição, chequei a minha bike, e organizei todo meu material (garmin, hidratação, pneu reserva, CO2, sapatilhas com elásticos, nutrição, capacete, óculos). Logo depois coloquei a roupa de borracha e fomos para largada. Dei um beijo na Niara e fui para a beira da praia. No fundo eu sabia que tinha algo (gripe, resfriado, etc), mas resolvi me concentrar somente no que eu podia controlar.
A prova:
Natação: Início tranquilo, mas entrando mais no mar, começou a ficar muito mexido. Depois da metade peguei uma corrente que me tirou um pouco do trajeto mais curto e tive que fazer um pouco mais de força. A visibilidade das bóias não foi das melhores, contudo não foi uma natação ruim. Meu tempo: 1h06min. Fiz acima do previsto e depois de me culpar por isso aceitei e me concentrei na transição e logo no pedal.
Transição 1: Este ano eles inovaram...e aumentaram a corrida para pegar a sacola da bike na transição. Outra coisa que eu não curti foi ter que obrigatóriamente deixar o número dentro da sacola. E isto foi exatamente o que eu tinha dentro da sacola: meu cinto com o número. Fiz o mais rápido que eu pude, e mesmo me enrrolando um pouco para colocar a roupa de borracha dentro da sacola fiz bem: 3min20seg. Ah, e para os mal acostumados de plantão: ninguém fica a disposição para ajudar a tirar a roupa de borracha. Se tu chamar algum voluntário, eles te ajudam, mas não é como o Ironman Brasil que tem aquela galera pronta para ajudar. Eu tirei a minha roupa sozinho sem problemas e com certeza fiz mais rápido que se tivesse ajuda.
Ciclismo: Muito vento contra na ida, calor e em algumas partes, vento lateral. Para mim, com roda fechada, me senti um pouco instável as vezes com o vento, contudo o meu peso ajudou neste sentido... Eram três voltas de 60km e fiz da seguinte maneira: primeira 1h45min, segunda 1h48min (me sentindo bem) e terceira 1h48min. Eu tentei ser o mais conservador possível contra o vento e acelerei o máximo no vento a favor. Hidratação e nutrição funcionaram bem e fechei o pedal em 5h21min. Mais uma vez, acima do planejado, e apesar de não estar feliz com o fato, decidi que teria que buscar na T2 e corrida.
Transição 2: Pela primeira vez depois de 6 Ironmans e 1 Challenge, eu terminei o pedal e fiz um desmonte como se estivesse em um sprint triatlo!!! Super confortável, pulei da bike e saí correndo! Fui para a T2 muito rápido, peguei a minha sacola, escolhi uma cadeira e chamei alguns voluntários para me ajudar. Eles passaram protetor solar e vaselina, enquanto eu colocava as meias e os tênis. Depois disso saí correndo e colocando o cinto com o número. Tempo da T2: 2min13seg.
Corrida: 4 voltas de 10.5km. Saí firme e de acordo com o plano fiz a primeira volta no ritmo de 5min/k, contudo estava sentindo um desconforto na sola dos pés e que aquilo pareciam bolhas, e nos dois pés!!!
O clima foi esquentando e depois de um chuvisco, o sol veio contudo. Não sei qual foi a real temperatura mas escutei que podia ser algo entre 35 e 38 graus. Fiz a segunda volta sentindo muito as bolhas e diminuí o ritmo. O calor foi me massacrando e as bolhas estavam me doendo em cada passo que eu dava. Foram mais de 30km correndo e sentindo como se agulhas estivessem sendo fincadas na sola dos dois pés a cada passada. Caminhei, corri, quase chorei, fui no banheiro e pensei em não sair de lá (hehehehe), e assim fui indo até chegar nos últimos 200 metros. Fui acompanhando alguns atletas e senti que poderia dar mais um esforço, e corri um pouco mais forte até aquele magnífico corredor. Aproveitei cada metro daquela que foi uma das provas mais duras que eu já fiz. Tempo final: 11h07min
Depois de tudo fui para tenda médica checar meus pés e encontrei a Niara. Na tenda da alimentação comi um pedaço de lazanha e logo fomos para o hotel. O meu pós prova foi como deveria ser: a gripe tomou conta do meu corpo e fiquei muito mal com todos aqueles sintomas por dois dias, mas nem por isso deixei de beber umas Coronas no jantar de premiação.
Em alguns dias eu voltarei a escrever sobre o o nosso retorno para casa, o que vale uma postagem completa.
Abraço!



Obs: Em março tem mais, Ironman Nova Zelândia.

Um comentário:

Pablo Bravo disse...

Parabéns pelo espirito guerreiro.

Abraço