sábado, 10 de março de 2012

Ironman da Nova Zelândia 2012 (Meio Ironman...)

Vou tentar contar a história do Ironman da Nova Zelândia de uma forma bem resumida pois foram 7 dias de muitos acontecimentos.

A viagem
Pela primeira vez na vida conseguimos fazer um "upgrade" nos assentos do voo para a NZ. Desta vez fomos de classe executiva usando algumas milhas do programa de fidelidade da Emirates, e posso dizer que foi uma das melhores experiências dos últimos tempos. Não vou me prender a detalhes, mas os principais diferenciais foram os assentos que reclinavam até deitar completamente e o atendimento personalizado. Melhor voo de todos!!! Antes disso, quando chegamos no aeroporto checamos que o voo estaria atrasado por 2 horas. Após checar as bagagens e despachar a bike, fomos para a sala de espera para tomar café e esperar. Esperamos por aprox. 4 horas (dormindo, comendo, etc) e embarcamos com o destino de Auckland, na parte norte de NZ. Voo tranquilo e após 3 horas chegamos em AKL. Como nos havíamos comprado um pacote de uma ótima empresa de turismo para o triatlo, a TRI TRAVEL, o pessoal estava nos esperando (e mais um monte de gente) com um onibus para ir até Taupo, local da prova. Foram mais umas 4 horas de onibus com uma parada para comer (achamos um Subway para nos salvar). Chegamos em Taupo as 10 da noite e lá pelas 11 já estávamos dormindo. Era terça-feira e como o  fuso era de 3 horas a mais (naquela hora em Brisbane era 8 da noite, e o sono foi só pelo cansaço).


Os dias antes da prova
Como estávamos em um grupo divididos em vários hotéis e tinhámos diversas atividades, sempre nos encontramos em um determinado ponto para realizarmos as atividades do dia. Quarta-feira foi dia de conhecer uma famosa queda d'água próxima ao local da prova, chamada "Huka Falls". Dentro de um parque muito arborizado estava a famosa queda "Huka".
Em NZ eles são muito preocupados com a preservação da natureza e trabalham duro para isso. Para tanto, antes de nadar no lago onde seria realizada a prova, "Lake Taupo", nós tivemos que "limpar" a roupa de borracha com uma solução preparada para evitar a proliferação de bactérias no lago.
Após limpar a roupa de borracha nós ganhamos um cartão, e o mesmo teria que ser entregue no dia de pegar o kit de prova. Sem o cartão, sem kit e sem prova.
No mesmo dia saímos para um pedal bem tranquilo e no final tivemos que cumprir outra obrigatoriedade da prova: checar a bike e o capacete em uma loja de bike. Lá a minha bike e o foram inspecionados e dois selos foram colados. Primeira vez que isto acontece. Muito profissional, gostei! O mecânico encontrou um caco de vidro no meu pneu dianteiro e me alertou: Isso não afetará a tua segurança mas pode causar algum problema. Você quer checar? (tipo, teria um custo...) Eu disse que não, e logo depois e tirei o caco de vidro e vi que era superficial.

Na quinta-feira foi o dia de "enfrentar" o lago Taupo. Eu digo enfrentar pois a temperatura da água estava muito baixa (não sei ao certo, deveria estar uns 17 graus).


É, a água estava bem gelada! Fora isso, o lago é absolutamente lindo! Dava para ver o fundo o tempo inteiro, muito claro, muito limpo!
Após a natação, pegamos o kit (veio um porta capacete aero da Ironman), e depois só descanso até o jantar de massas. Parece que o jantar de massas era um evento bem famoso tanto que a Niara não conseguiu comprar uma entrada para ela! Pela primeira vez, desde que estamos junto que eu fui sozinho. Muito chato e as minhas fotos e videos ficaram uma merda! Lá no jantar, após todas as apresentações, teve o congresso técnico. E o pior começava a se confirmar. Existia a possibilidade de um vendaval exatamente no dia da prova. A previsão do tempo mostrava a possibilidade de ventos de até 150km/h! Então nos foi informado que existiria a possibilidade real de ter que usar o plano de contingência. Segundo os organizadores, nos seríamos atualizados na sexta-feira às 4 da tarde. Naquele dia, no meio da manhã o vento já estava começando a ficar mais forte e o lago já começava a parecer mar, cheio de ondas.
Sexta-feira amanheceu e o vento continuava a soprar forte! A Niara saiu para correr e na volta me contou que teve que atravessar a rua (na frente do lago) pois estava sendo arrastada. Depois do almoço estava vendo as notícias e daí quando foram falar da previsão do tempo..."De acordo com a previsão de ventos de até 150km/h para sábado, os organizadores do Ironman NZ decidiram transferir a prova para o Domingo como um meio ironman". O pesadelo se confirmou! Estava uma chuva bem fraca na rua e o vento soprando forte, mesmo assim corri até a transição, e no caminho vi vários com as suas bikes voltando para casa. Peguei a minha bike e fui informado que teríamos que estar no centro de eventos no sábado as 5 da tarde para o novo congresso técnico.
O vento soprou forte durante toda a noite e muito forte durante o dia inteiro! Impossível fazer a prova daquele jeito. Os ventos chegaram a 120km/h. No final da tarde fomos ao congresso técnico e obtivemos todas as informações do meio ironman de domingo. Os organizadores fizeram o melhor possível para nos dar alguma coisa, alguma prova para correr, e se parar para pensar, não deve ter sido nada fácil montar uma outra prova no dia seguinte com relação a toda logística, voluntários, equipes de apoio, etc.
Dia da prova


E estava muito fria aquela manhã! Eram 6 da manhã e a temperatura estava 5 graus! Fomos caminhando até a transição onde posicionei a minha bike e fui para a largada. No caminho ouvi da organização que a temperatura do lago havia melhorado: estava 15 graus! Melhorou??? Nem queria saber de quanto havia melhorado!


A natação, para mim, foi um pouco confusa pois a visibilidade das bóis não estava boa, e como tinha algum vento, estava com muitas marolas. Resultado: a natação foi muito ruim, a pior em mais de 3 anos! Mas tudo bem, a prova não acaba na natação. A ida para transição foi um episódio a parte. Para quem não conhece, aquela é uma das mais longas transições do circuito da Ironman (se não a mais longa). São uns 500 metros entre uma parte plana, uma rampa e umas escadas! Foi a mais longa T1 de todos os tempos para mim. E ainda quando cheguei na tenda para me trocar, estava completamente cheia! Demorei uns 40 segundos para encontrar um espaço e começar o processo de terminar de tirar a roupa de borracha, colocar sapatilhas, manguitos. Um voluntário me ajudou com os maguitos enquanto eu colocava as sapatilhas, e colocou a  roupa de borracha dentro da sacola. Por falar nisso, lá (NZ) ou aqui (Australia) a retirada da roupa de borracha nas provas de Ironman é dentro da tenda, e um voluntário pode te ajudar com a tarefa. Eu prefiro tirar a roupa eu mesmo pois é muito mais rápido. Desta vez ele, o voluntário, ficou só olhando eu tirar a roupa e daí começou a me ajudar. Se fosse outra prova (normal), eu faria tudo sozinho.
O pedal foi bem interessante. Fizemos uma das duas voltas de 90km da distância do Ironman e basicamente tivemos umas subidas fortes no início e no final do trajeto com uma parte praticamente plana no meio. Para mim o maior problema foram os pelotões. Realizando a prova na distância planejada a formação dos pelotões aconteceria no início e dispersaria. Fazendo a metade da distância todos ficaram muito próximos e isso facilitou a formação dos pelotões. Para mim foi muito ruim porque eu sempre evito ficar no vácuo, e desta vez eu tinha somente duas opções: ou eu aumentava o meu ritmo a cada 10 minutos para passar a tigrada ou diminuia para deixar eles irem embora. Fiz muito da primeira opção no início e depois decidi reduzir o ritmo ou não conseguiria correr nem 500 metros depois.
Lá pelos 70km com vento contra e subindo uma lomba, a casa caiu... a minha média de velocidade estava um pouco acima dos 35km/h, mas simplesmente não sentia nenhuma força vindo das minhas pernas. E para ajudar, ainda comecei a sentir umas caimbras que vinham e voltavam no meu reto femural do lado direito. A cada forçada, uma caimbra. Passei por aquele momento negro da prova e quando faltavam 10km era lomba abaixo! Sentei o pau até a transição! Desta vez foi uma transição decente, e muito rapidamente estava na corrida. Infelizmente, a minha coxa continuava com caimbras. Comecei bem e tive que reduzir o ritmo.
Neste meio tempo tive alguns outros problemas com a minha nutrição mas consegui resolver com paciência e dois géis. A temperatura não estava tão baixa (uns 16 graus) e o sol estava ajudando um pouco também.
Continuei segurando o ritmo até os 15km e daí quando comecei a me sentir mais seguro quanto as caimbras, acelerei o máximo possível para terminar a prova de uma vez.


O resto do final de semana foi quase igual às todas as outras provas com exceção da exclusão da tradicional pizza pós-prova. Passamos em um Subway, pegamos uns sanduíches, voltamos para o hotel, á noite fomos ao jantar de premiação e no dia seguinte (um dia de clima perfeito) fizemos nosso retorno para AKL(4 horas de onibus) e mais tarde para Brisbane (3 horas de voo).
Agora, após 13 meses de treinos, 11 provas (2 Ironmans, 3 Meio Ironmans, 4 Triatlos Olímpicos, 1 Sprint  e 1 Meia Maratona), e sem parar mais do que dois dias (isso só por causa das longas viagens), estou de férias do triatlo! A princípio serão duas semanas sem nada relacionado ao triatlo e ainda posso aumentar para 3 ou 4 semanas dependo de como eu me sentir. Preciso de uma recuperação geral pois este ano ainda tenho provas bem importantes e quero ir muito bem.
Em breve mando mais notícias daqui da Oceania!

2 comentários:

Cristina disse...

Emerson,
é um barato acompahar tuas conquistas, desafios através do blog.
Adoramos ter fotos e ver que as coisas por aí estão de vento em popa.
Dá uma espiada no nosso blog,
ou melhor no da Cris, neste momento vivemos um processo bem legal com o bebê. É tri divertido.
abraços
Diego
http://maeranzana.blogspot.com

simplifique disse...

Que historia !!!
E o vácuo não é um problema brasileiro, né?
Vc tem perfil no facebook. Participo de uma lista lá e acho que vc vai agregar muito.
Aliás, que link era aquele do Sutton? Simples !