sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Banquete em Brisbane


A história começa com um bom jogador de futebol que é visto por diversos olheiros estrangeiros e finalmente é contratado. O time é de primeira linha, mas o bom jogador tem que se mudar para outro país..."Vamos lá" disse o bom jogador. Imaginem como se sente uma pessoa que recebe um convite milhonário e tem a oportunidade de mudar completamente a vida de todos que o cercam.

Muito dinheiro, fama, carrões e podendo melhorar cada vez mais, imaginem...

Daí, o bom jogador, assina o contrato e vai para o clube estrangeiro. Chegando lá tem apresentação, ele coloca a camisa do time, dá entrevistas (claro que com um tradutor a tira-colo!) acena para a torcida, faz algumas brincadeirinhas com a bola e diz que o sonho da vida dele era vestir aquela camisa. Ah, não podia me esquecer, como o bom jogador é jovem, também é visto como promessa (investimento) futura do clube, então o contrato assinado foi de 5 anos.

Nos primeiros dias tudo é festa...tudo é novidade...tudo é muito melhor!!!

Após as duas primeiras semanas as coisas começam a mudar...ele quer beber cerveja na rua após uma partida vitoriosa, não é permitido! Ok, tudo bem. Ele quer comer em um rodízio de carnes (espeto corrido), mas aqui só tem "barbecue". "O que é isso?"-pergunta o bom jogador. E respondem para ele: "É o nosso churrasco que é feito na grelha a gás ou elétrica, e as carnes são salsicha, frango e canguru". "Bom, até que não gostava tanto de carne vermelha mesmo, e pode ser uma boa para minha saúde também"- exclamou, um pouco tristonho o bom jogador.

Três semanas se passaram e o nosso jogador começa a ter saudade da comidinha da mamãe...e o que ele quer comer? Para nós brasileiros, o prato mais simples e completo principalmente para as classes sociais médias e baixas é o famoso, inigualável e irresistível: arroz branco com feijão!

"Talvez até dê para colocar um bife de canguru junto para ficar bom."-pensou o nosso jogador.

E ele procurou, procurou, perguntou, procurou de novo...e descobriu a pior coisa que ele poderia descobrir...aqui não tem feijão preto!!!

Com um mês de clube o nosso glorioso atleta pediu demissão...

Vocês com certeza conhecem algumas histórias de jogadores de futebol e outras modalidades que frequentemente não se adaptam aos hábitos, e principalmente, não se adaptam a alimentação do outro país, e que de repente retornam ao país de origem. Pode até não ser só por causa da comida, mas que ela influencia na decisão, com certeza influencia.

Bom, a comida aqui realmente não é algo muito simples de se adaptar, contudo, o mundo globalizado do jeito que está sempre existe a oportunidade e deixar a alimentação mais parecida com a qual estamos acostumados.

Escrevi tudo para dizer que eu e a Niara tivemos um banquete maravilhoso ontem, e o prato principal foi arroz branco com feijão preto e uma garrafa de vinho tinto!

Encontrar feijão aqui não é fácil, mas temos vários conhecidos que sabem que no Brasil se come muito feijão preto e descobrimos que os ingleses também gostam desta iguaria. Só sei que no final das contas uma colega da Niara que é inglesa achou o tal do feijão preto em uma feira e comprou dois kilos para nós.

Bom, é claro que um feijão preto tem e teve todos os seus acompanhamentos (temperos): linguicinha (pepperoni), folha de loura (bay leaves), orégano (oregano leaves), alho (garlic), cebola (onion), azeite de oliva (olive oil), bacon. Bah, ficou tri bom, mas o pepperoni deixou tudo muito apimentado...

Até a próxima!

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