domingo, 26 de junho de 2011

Colocando os fatos em dia!


Bem pessoas, depois de alguns dias estou postando de novo.
Estou de volta aos treinos depois do Challenge Cairns, e posso dizer que eu estou mais forte fisicamente e mentalmente após aquela prova. Várias pessoas daqui vieram conversar comigo tentando me confortar e me conformar com o que aconteceu na prova. Fiquei bem feliz e agradecido, mas eu sinceramente não sinto como uma derrota o fato de não ter corrido na prova, pelo contrário, eu consigo ver muitos pontos positivos e apenas um negativo.
Os treinos recomeçaram logo que eu cheguei em casa, e eu só não treinei na segunda-feira pós prova porque nós tivemos que viajar de volta para casa. Assim, eu fiz uma semana (terça até domingo) fazendo um esporte por dia alterando os três esportes. treinos leves e curtos. Muitas vezes eu já comentei com a minha técnica que eu realmente gosto do processo (treinos) e como eu estou me adaptando muito bem ao Team TBB, até agora eu não senti nenhum tipo de fadiga por causa dos treinos. Aquela sensação de que estou sobrecarregado ou que eu não consigo nem olhar para a bicicleta depois da prova faz tempo que não aparece.
Para este novo ciclo eu ofereci para a minha técnica o meu feedback sobre o que eu acreditava que poderíamos manter e o que poderíamos mudar, tudo em forma de sugestão fundamentada. Ela ficou bem feliz e alterou algumas partes dos meus treinos, o que ficou muito mais atrativo e está possibilitando treinar sem ter que parar após uma prova alvo. Não posso esquecer de citar que o "Doc", o famoso e controverso técnico responsável pelo Team TBB Brett Sutton está supervisionando os treinos que a minha técnica, Rebekah Keat, está me passando, o que realmente algo excelente. Existem por aqui centenas de triatletas que gostariam que ele estivesse supervisionando os treinos, e eu fico muito honrado com o fato. Resumindo, tudo está indo muito bem para a segunda prova longa do ano em dezembro no Ironman do Oeste da Austrália.
Fora do esporte estamos nos agilizando por todos os lados para conseguir o visto permanente, o que nos ajudaria muito não só pelo fato de poder viver aqui, mas poder ter acesso a educação com um custo mais acessível, saúde, adquirir imóvel, estender o visto para a família, etc. Eu apliquei para ter a minha profissão reconhecida e a Niara está se preparando arduosamente para o exame de medicina que será no final do mês de julho. Estamos positivamente alinhados, dependemos somente de nosso esforço para conquistarmos o nosso espaço aqui e para que isto aconteça será somente uma questão de tempo.

Grande abraço e lembrando que nós dois, Niara e eu sempre ficamos muito felizes quando nossos amigos entram em contato, então se tiver um tempinho de sobra, mandem notícias.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Challenge Cairns 2011






O Challenge Cairns 2011, a primeira prova do Challenge Family, aconteceu no nordeste do estado Queensland no último domingo, e não consegui fazer o estava planejado.
Viajamos para Cairns, que fica a 2h20min voando daqui de Brisbane, na sexta-feira no início da tarde. Tudo foi muito tranquilo, e todos chegamos bem (eu, a Niara e a bike). Pegamos uma van que eu já havia contratado e fomos para o hotel. Para a nossa surpresa, o hotel era exatamente na frente das principais funções da prova: feira de produtos, registro, chegada, etc.
Nossa acomodação foi um apartamento grande com sala, cozinha e todos os utensílios para cozinhar em casa.
Mesmo chegando no hotel por volta das 4 da tarde, conseguimos ir fazer o meu registro, pegar o kit de competição e ainda dar um passeio pelo local.
A noite fomos para o jantar de massas. Nos sentamos bem na frente da mesa dos profissionais e bem na minha frente estava o Chris MacCormack, o Macca. Muito legal! Logo depois da janta, eu finalmente conheci a minha técnica pessoalmente. Eu já tinha falado pelo Skype, celular, e me comunicado por email, mas nunca pessoalmente. Ela é muito legal e muito louca! Parecia que estava a mil por hora! Super positiva, motivadora e engraçada. Disse que eu parecia com o Macca, e que eu passaria por irmão dele certo! Fala sério! Eu sou da mesma altura, peso e cor, mas as similaridades param por aí!
No sábado era o dia de levar a bike para a transição, que foi posicionada a uns 19km do centro da cidade. Foi uma função pegar ônibus, colocar a bike no caminhão, fazer o check-in, caminhar pela transição para reconhecer o local, conhecer a praia onde seria a natação (lar de uns crocodilos, segundo os locais), esperar o ônibus de novo e voltar para o hotel. Uma das coisas que eu venho me empenhando nas últimas provas é reduzir ao máximo o número de coisas dentro das minhas sacolas, e agora eu acredito que cheguei onde queria. Mantendo tudo muito simples para me concentrar no que é importante.
Na noite anterior a prova fizemos umas torradas, mas como deve ter caído algum pedaço de pão dentro da tostadeira, o apartamento ficou com um cheiro de queimado. Eu tenho rinite alérgica, e como eu devo ter inalado algum resíduo do ar, comecei a ter uma reação alérgica. O meu nariz ficou congestionado, olhos lacrimejando, e me sentindo mal. Nós não tínhamos nenhum anti-alérgico e tive que tentar dormir daquele jeito. O resultado foram mais ou menos 30 minutos de sono a noite inteira! Isso mesmo, segundo a Niara eu dormi uns 30 minutos!
"Acordei" às 3 da manhã, e fizemos todos os preparativos para pegar o ônibus para ir para largada. Na transição, chequei e organizei a bike. Falei com a minha técnica e fui me preparar para a largada.
Tudo normal até aí. A largada dos profissionais foi 10 minutos antes das categorias. Pelo posicionamento das bóias e pela quantidade de atletas, percebi que o caminho seria muito estreito saindo diretamente para a bóia da direita. O formato da natação era de um "M", composto por duas voltas e tinha que dar aquela corridinha pela areia. Temperatura perfeita, uns 22 graus e sem marolas. Me posicionei na esquerda onde tinha menos gente e quando deu a largada, dei um tiro reto para a primeira bóia. Eu consegui evitar a bateção da largada, mas nas bóias estava bem complicado, contudo eu fiquei na vantagem, batendo mais do que apanhando...
Feita a primeira volta, eu estava me sentindo enjoado e lento, então tentei nadar sozinho fazendo uma linha diferente dos outros. Eu ouvi alguma coisa dos organizadores no sistema de som que eu não consegui definir, mas parecia que seria a largada do pessoal que iria fazer a metade das distâncias. Bom, a largada deles estava programada para as 7.30, nós largamos as 6.55 e eles estavam na areia quando eu passei. Isto queria dizer que eu não estava lento! Eu estava dentro do tempo planejado. Não uso relógio, por isso não sabia do tempo.
Finalizei a natação firme, mas me sentindo enjoado e com vontade de vomitar. A natação não estava com o mar muito mexido, mas como na primeira volta e eu precisei me impor nos pelotões, acabei engolindo muita água salgada. Fiz uma transição rápida 2m37seg, e fui para o pedal.
Ainda me sentindo mal tentei beber algo e caiu que era uma bomba! Quase vomitei de novo. tentei mais algumas vezes com goles pequenos e não deu certo. Me desesperei um pouco pois estava muito bem treinado para a prova e queria fazer o melhor possível. Coloquei a cabeça no lugar e decidi que não tentaria ingerir mais nada até me sentir um pouco melhor. Depois de umas duas horas, comecei minhas tentativas de beber em pequenos goles, primeiro água, depois gatorade e por último gel diluído. Fui na tentativa e erro, e lentamente meu corpo começou a aceitar os líquidos sem problemas. Tentei comer e não deu. Eu continuei com o plano que estava dando certo. O que o percurso da bike tinha de lindo, tinha de duro. Parecia uma montanha russa consteando o Oceano Pacífico. As partes planas eram raras, ou era subindo ou descendo. O percurso era um tanto solítário pois a estrada principal estava fechada para nós e o retorno era no meio da mesma. Então, nós só voltaríamos para a transição para largar a bike. Eram 60km até Port Douglas, voltava 30km na estrada, fazia o retorno até Port Douglas de novo, e daí voltava os 60km até a transição. Segundo os próprios organizadores o trajeto tinha 183km. A vista do trajeto era de tirar o fôlego, pricipalmente quando tinha que "escalar" para chegar lá!!!
Como eu estava sem comer e bebendo muito pouco comecei a ficar fraco e perder potência. Eu estava com 208w de média até os 150km. Eu estava um pouco chateado com o que estava acontecendo, mas ao mesmo tempo impressionado pois eu estava conseguindo fazer um pedal relativamente forte em um percurso duro e sem comida. Perto do km 165, fazendo uma das últimas subidas, baixei demais as marchas e a correia ficou presa atrás do cassete! PQP!!!! Eu só não caí pois a velocidade estava baixa na subida pois a roda trancou! Desci da bike, e depois de uns 5 minutos e muita graxa nas mãos, resolvi o problema!
Naquela altura da prova eu já estava pensando como eu conseguiria sair para correr com aquela condição de falta de energia e desidratação. Eu conheço o meu corpo muito bem e já conseguia sentir que estava debilitado.
Na última parte do ciclismo o vento pegou, mas para minha surpresa, consegui manter um bom ritmo no plano. Tive por volta de uma hora para decidir se iria ou não para corrida. Pensei muito e fiz o que era mais inteligente naquele momento, terminei a minha prova no final do ciclismo.
Eu não tenho nenhuma dúvida que eu tomei a decisão mais correta naquele momento, pois se eu iria conseguir terminar a maratona ou não, era uma incógnita. Eu já havia provado que eu sou muito resistente, mas eu não queria provar que eu poderia ser inconsequente. Eu poderia tentar, mas a única certeza que eu tinha até terminar a bike era que eu estava debilitado, e que as coisas poderiam piorar. Larguei a bike, entreguei meu chip e fui para tenda médica. Recebi dois litros de soro na veia e comecei a melhorar. A Niara, que é médica, constatou em mim alguns sinais de desidratação, confirmando que eu tinha tomado a decisão mais adequada para aquele momento.
Outro fator importante na minha decisão foi o fato de eu estar a três semanas sem correr por causa de uma canelite, e mesmo com a liberação do médico para correr, se eu tivesse dor a medicação demoraria mais para funcionar ou eu vomitaria tudo.
O meu tempo total até terminar a bike foi de 6 horas e 45 minutos, o que me deixou muito satisfeito. Mantendo o treino que eu estava fazendo, o prognóstico para próxima prova é muito promissor!
Voltamos para o hotel após uma longa espera pelo ônibus, comi muuuuito, e dormi umas duas horas. Voltamos para pegar as minhas sacolas e vi um dos meus colegas de time chegando! Bem legal!
Esta prova me colocou em uma situação que eu nunca havia passado, e agora eu posso dizer que a experiência foi absorvida satisfatoriamente. Não estou triste pois tomei a decisão correta para aquele momento, mas não estou feliz pois poderia ter melhorado o meu melhor tempo em um percurso mais duro. Ah, eu já voltei a correr! Corri 25 minutos ontem sem sentir nada na minha perna lesionada e sem dor alguma por causa dos dois terços que eu fiz no domingo!
Só para terminar, a minha técnica venceu a prova feminina em 9.26, e no masculino o Macca venceu em 8.15.

Grande abraço!!!